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População busca motivos que levaram Weise a cometer massacre
Da AFP
23/03/2005 | 16:28
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As famílias e os investigadores ainda estavam tentando entender, nesta quarta-feira, os motivos que levaram Jeff Weise, um adolescente de 16 anos, a cometer um massacre na pequena comunidade indígena de Red Lake, no Estado de Minnesota (norte), a 120 km da fronteira canadense.

Dois dias depois da tragédia, os moradores procuravam manter distância dos estrangeiros e, principalmente da imprensa, após ter reforçado as leis protegendo a vida privada em sua reserva.

No entanto, alguns aceitaram falar para tentar entender as razões da loucura mortífera de Weise que, na segunda-feira, matou seu avô e a companheira dele na casa do casal, antes de se dirigir ao liceu de Red Lake e abater cinco estudantes, um guarda e uma professora. O adolescente feriu gravemente outras sete pessoas, antes de se suicidar.

Os motivos que podem explicar o drama não faltam: a fascinação de Weise pelo nazismo, uma depressão nervosa, a hostilidade que lhe manifestavam seus colegas, uma conturbada história familiar marcada pelo suicídio do pai, e dificuldades criadas pelo fato de crescer numa comunidade indígena isolada e muito estruturada.

Porém, a tia do adolescente, Kim Desjarlait, expressou surpresa durante uma entrevista concedida à televisão local. "Este não é o menino que eu conhecia, e tive que pedir confirmação a outras pessoas para me certificar de que se tratava mesmo dele. Fiquei chocada quando soube com certeza quem era o atirador", declarou.

Weise passou os dez primeiros anos de sua vida em Minneapolis (Minnesota). Sua mudança para Red Lake coincidiu com uma série de tragédias familiares.

Em oito anos, seu pai se suicidou, e sua mãe sofreu um grave acidente de carro no qual morreram o primo e a avó materna do adolescente. Sua mãe está internada desde então num centro especializado em problemas cerebrais.

Desjarlait explicou que a comunidade indígena de Red Lake era uma sociedade tribal na qual os jovens não deviam se dirigir a adultos em voz alta. "Mesmo se Jeff tivesse tido a oportunidade de dizer: 'não quero estar aqui', ninguém o teria ouvido", afirmou.

Ashley Morrison, uma colega do liceu, desconfiava de Jeff Weise, achando que ele tinha um lado sombrio. "Sempre pensávamos que faria alguma coisa, mas nada desse tipo", frisou.

Alguns alunos afirmam que o adolescente tinha uma lista das pessoas que desejava matar. No entanto, os investigadores acreditam que a matança na escola foi realizada ao acaso. Porém, "a natureza do crime demonstra um certo planejamento", notou o policial Michael Tabman.

Weise não deixou uma carta explicando seu ato, e a polícia não pôde confirmar se uma mensagem atribuída ao adolescente e enviada em 2004 a um site neonazista foi realmente escrita por ele.

Nesta mensagem, Weise expressava sua admiração por Adolf Hitler e denunciava a mistura racial na reserva de Red Lake. "É duro ser um índio nazista. As pessoas são tão desinformadas e incultas que transformam sua vida num inferno", escrevia.

Desjarlait não estava sabendo da simpatia de seu sobrinho pelas teses nazistas, mas sugeriu que "estas pessoas eram as únicas a quem Jeff podia expressar sua raiva e ser aceito". "É triste que ele não tenha encontrado alguém de sua própria tribo, ou ao menos um membro de sua família, para desabafar seus problemas", acrescentou a tia.

"Esperamos que a investigação nos ajude a entender as motivações de Weise, para evitar que tal tragédia aconteça novamente", declarou por sua vez Tom Heffelfinger, o juiz do Distrito de Minnesota.




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