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Na Argentina, sinta o Brasil melhor
Wagner Oliveira
Enviado especial a Buenos Aires
17/01/2010 | 07:11
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A região em que se situa a cidade de General Pacheco está para Buenos Aires assim como o Grande ABC está para São Paulo. Além de fornecedores de autopeças, é lá, por exemplo, que fica a Volkswagen, como em São Bernardo, que sedia a montadora alemã. Mas, basta um olhar mais atento para perceber que aparentemente o Brasil vive um momento melhor que a Argentina.

Desde a saída do aeroporto internacional, no outro oposto da Grande Buenos Aires, em Ezeiza, chama a atenção a quantidade de carros velhos nas ruas ou estacionados nos jardins da autopista que leva ao centro.

Boa parte dos veículos em circulação dá a impressão de ter mais de 20 anos de uso, em péssimo estado de conservação - sinal dos desacertos econômicos do país vizinho. É neste instante que nos damos conta de como o mercado brasileiro evoluiu nos últimos anos. O Brasil triplicou as vendas entre 2003 e 2009 - saiu de 1,168 milhão ao ano, para 3,140 milhões.

Tamanha quantidade de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus mudam o panorama das grandes cidades, onde vamos nos desacostumando a ver as ‘latas velhas', a não ser nas periferias distantes.

"A estruturação econômica trouxe fartura de crédito, promovendo um boom da indústria automobilística no Brasil. Na Argentina, você ainda não tem a disponibilidade desta massa de recursos, exatamente por eles ainda terem muitos dos problemas econômicos", disse o professor Roberto Garbossa, consultor automotivo e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O recente episódio que envolve a demissão do presidente do Banco Central, Martín Redrado, pela presidente Cristina Kirchner pode ser, na opinião de especialistas, outro complicador para o mercado de crédito, já que o governo teve reservas bloqueadas pela Justiça em Nova York.

Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), nossa frota está estimada em 27.481 milhões de veículos, sem contar os 3,140 milhões de 2009. A previsão é que o mercado brasileiro chegue a este ano até a 3,5 milhões de novas unidades - quase sete vezes maior que o argentino, previsto para 550 mil.

"Para a superação dos problemas, todos os esforços têm de estar concentrados na reindustrialização. Nenhum país sobrevive só da exportação de produtos primários ou sem valor agregado", disse o presidente da Volkswagen da Argentina, Viktor Klima. A presidente Kirchiner, convidada para a pré-estreia, disse que conta com o apoio de Klima para tornar a indústria argentina cada vez mais competitiva.
(O repórter viajou a convite da Volks)

Nas ruas, crianças pedem dinheiro aos turistas brasileiros

Na Calle Florida, uma das ruas mais tradicionais de Buenos Aires, crianças pedem dinheiro aos pedestres. Ao perceberem que se tratam de estrangeiros, solicitam euros e dólares. Diante da recusa, voltam a pedir, desta vez por reais.É um outro sintoma da melhora da economia brasileira.

"Tudo aqui está pela metade do preço para brasileiros", diz a vendedora de uma loja de grife. Turistas brasileiros buscam diversão e acabam ajudando a melhorar as vendas do comércio em Buenos Aires. Mas a cooperação entre os dois países tende a se intensificar, principalmente, na indústria automobilística.

"A integração do Mercosul é resultado do esforço das empresas, que vão na dianteira da política em questão da integração e do desenvolvimento regional", afirmou o presidente da Volkswagen Argentina, Viktor Klima.

Na presidência rotativa do Mercosul neste ano, a Argentina vai tentar um acordo que envolva a exportação de carros com a União Européia, cuja presidência este ano é da Espanha. O acordo poderia começar com uma cota de 60 mil carros entre os dois blocos. A atual alíquota de 35% seria reduzida gradativamente até zerar em dez anos. WO




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