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'Vanessa Damo sempre vai carregar má gestão do pai', afirma Clóvis Volpi
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
07/06/2010 | 07:46
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DIÁRIO - Como o sr. enxerga o futuro político da deputada estadual Vanessa Damo (PMDB-Mauá), que hoje é sua adversária política?

CLÓVIS VOLPI - A Vanessa vai ter um pouco de dificuldade para se reeleger (deputada estadual, em outubro). Ela precisa montar em Ribeirão Pires um quadro para ter perto de 5.000 votos, como ela teve na última eleição, em 2006. Mas na outra campanha, ela contou com um grupo muito grande, diferentemente do que está acontecendo agora. Por conta disso, a Vanessa vem se utilizando do artifício de me criticar em jornais produzidos por ela para ver se consegue votos. De repente, isso pode funcionar. Mas eu não vou fazer folhetos para ficar falando da Vanessa ou do pai dela (o ex-prefeito de Mauá Leonel Damo). E isso vira história de mau caráter. Não se faz isso em política.

 

DIÁRIO - O sr. acha que esse comportamento tem a ver com 2012 (quando Volpi pretende sair a prefeito de Mauá, assim como Vanessa)?

VOLPI - Acho que sim. Ela tem ódio de mim porque me responsabiliza pela queda do pai dela do PV. Talvez queira já começar a fustigar, pensando que em 2012 eu possa ser adversário dela.

 

DIÁRIO - O sr. teria problema em enfrentá-la nas urnas em dois anos?

VOLPI - De jeito nenhum. E eu só vou ser candidato se houver condições jurídicas e políticas para isso. Mas ela ficou muito marcada pelo pai. O Leonel marcou a Vanessa Damo a ferro. Ela sempre vai carregar a administração ruim que o pai fez em Mauá. Nunca mais vai se livrar desse estigma.

 

DIÁRIO - O sr. não acredita que ela poderia ser uma boa prefeita?

VOLPI - Por aquilo que vejo dela, acho que política precisa ter sentimento de gestão e uma linha de conduta. Quando você não tem uma linha séria, o tempo vai te desgastando e as pessoas vão se afastando, ficando com medo. Ninguém governa por medo.

 

DIÁRIO - A população tem medo de eleger Vanessa Damo prefeita?

VOLPI - Da volta do tipo de gestão. Por isso que o PT (Oswaldo Dias) ganhou lá. Não tinha opção. Teve uma parcela do eleitorado que tinha medo do grupo e que poderia não ter votado do Oswaldo. Ele pode não fazer um bom governo, mas inspira confiança. Isso é a melhor coisa para o político.

 

DIÁRIO - Para o sr., o Oswaldo faz um bom governo em Mauá?

VOLPI - Ele vem tendo problemas, porque é difícil governar Mauá. Para fazer bom governo na cidade, é muito difícil. O prefeito sofre.

 

DIÁRIO - E porque o sr. estaria preparado para governar Mauá?

VOLPI - É que eu teria lá na frente apenas dois projetos. O prefeito de Mauá deveria investir em no máximo três pontos grandes. Eu investiria tudo em Saúde, Educação e sistema viário. Não dá para consertar pedacinhos. Faria lá um grande projeto educacional e outra grande ação na Saúde. O resto é perfumaria.

 

DIÁRIO - Mas o que o grupo da Vanessa diz é que o sr. quer ser o grande centralizador do PV de Mauá e Ribeirão. Não há verdade nisso?

VOLPI - Ao contrário. No PV de Ribeirão Pires vou passar a presidência e deixar que eles escolham o candidato a prefeito, após a eleição deste ano. Eu quero é opinar. Mas hoje eu não tenho candidato definido em Ribeirão Pires.

 

DIÁRIO - Mesmo após oito anos, o sr. não formou sucessor natural dentro de seu partido?

VOLPI - O PV, por ter o prefeito, poderia ter o vice ou o posto de candidato a prefeito. O partido precisa se contentar se for o vice. O que não dá é para ficar fora da chapa majoritária. Se tivermos quadro com possibilidade de ganhar, apresentamos nome a prefeito. Caso contrário, lançamos a vice. Gostaria de ter um gestor como meu sucessor em 2012.

 

DIÁRIO - Seu vice-prefeito, Edinaldo de Menezes (PPS), o Dedé, não é seu sucessor natural?

VOLPI - Tenho um carinho muito grande pelo Dedé. Ele é um vice que não me atrapalha em nada. É um fator fundamental. Se eu não gostasse dele, o estaria sacrificando. Tenho 100% de confiança nele. Mas manter essa confiança juntos aos partidos aliados depende dele. É o Dedé que precisa conversar com os partidos, senão fica uma imposição minha. É isso que o grupo da Vanessa fica falando, que eu quero governar com mão de ferro, o que não é verdade.

 

DIÁRIO - Essas credenciais não o colocam, então, como o principal candidato de seu grupo em 2012?

VOLPI - É que ele está no PPS. O que o Dedé precisa é fazer a parte dele, que é conquistar os outros partidos. O que eu não posso é chamar os aliados e falar para eles apoiarem o Dedé. Ele me conquistou como vice e agora precisa fazer isso em relação aos parceiros. É um trabalho do Dedé e ele sabe disso.

 

DIÁRIO - O PV, então, não tem um nome?

VOLPI - Não. Hoje olho para meu partido e não vejo alguém de expressão política para ser o candidato. Na realidade, o nome natural do PV seria o Saulo Benevides (vereador, atual rival de Volpi). Ele foi ansioso e não soube esperar o momento. Eu teria de apoiá-lo, mesmo ele falando todas essas bobagens a respeito de mim. Como eu justificaria não subir no palanque de um candidato do PV? Mas não teve paciência. O Saulo foi traído pelo lado emocional. Para sentar na cadeira de prefeito de Ribeirão, precisa ter postura.

 

DIÁRIO - Para o sr. seria o 2012 dos sonhos eleger seu sucessor em Ribeirão Pires e vencer a eleição em Mauá?

VOLPI - O meu sonho é terminar o governo entre 60% e 70% de aprovação. Digo para meus auxiliares que não posso deixar a Prefeitura com 30%. Esse é o principal orgulho do político. Ver que de cada 10, seis falam bem de seu governo e torcem para você voltar. Isso é o maior orgulho para o prefeito.

 

DIÁRIO - Mas o hoje o sr. tem adversário nas urnas em Ribeirão?

VOLPI - Acredito que não.

 

DIÁRIO - O sr. acredita que quem seu grupo indicar provavelmente será o novo prefeito de Ribeirão Pires?

VOLPI - Se o grupo permanecer unido e não errar, aí entendo que sim. Por isso que o Dedé precisa se viabilizar. Não pode depender de mim.

 

DIÁRIO - O sr. não pensa em seguir a linha de ex-prefeitos da região, que tentarão cadeira de deputado federal?

VOLPI - Não, não quero. É uma campanha muito cara e com muito desgaste.

 

DIÁRIO - No caso de 2012, já há um grupo trabalhando para viabilizar sua nome em Mauá?

VOLPI - Existe um grupo que faz um trabalho espontâneo em torno de meu nome na cidade. As viúvas do Leonel, do PT, precisavam encontrar um nome para trabalhar, pensando na próxima eleição municipal de Mauá. Nesse sentido, eu sou o cara da fila. Tendo condições jurídicas, esse grupo consolidado e um bom índice nas pesquisas, não tenho motivo de não encarar a disputa pela Prefeitura de Mauá.




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