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PR: assessor de Lerner é nomeado superintendente do Incra
Do Diário do Grande ABC
05/05/1999 | 18:23
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O assessor especial de Assuntos Fundiários do Governo do Estado, José Carlos de Araújo Vieira, 59 anos, foi nomeado superintendente regional do Instituto Nacional de Colonizaçao e Reforma Agrária (Incra) do Paraná. Ele substituirá Petrus Abib, que vai assumir uma assessoria no Ministério da Política Fundiária. Vieira nao quis comentar nomeaçao, deixando para anunciar suas propostas durante a posse, segunda-feira (10), em Brasília.

A indicaçao de Vieira foi uma "surpresa" para o coordenador da Uniao Democrática Ruralista (UDR) do noroeste do Paraná, Tarcísio de Souza. Mas ele a considera "coerente", em razao de o governo do Paraná ter defendido a descentralizaçao da reforma agrária. "Nao queremos nada do novo superintendente a nao ser um trabalho sério e imparcial, nao ficando de um lado nem de outro", disse Souza.

Segundo o coordenador da UDR, os dois últimos superintendentes (Abib e Maria de Oliveira, também chamada para assessorar o ministério) eram "bastante tendenciosos". "Nao podíamos sentar para conversar porque eles só ouviam os sem-terra", acusou. "Agora, estamos confiantes que possamos vir a trabalhar juntos", acrescentou. "A UDR está de portas abertas para colaborar com a reforma agrária e encontrar a paz na terra".

Os coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) estavam viajando nesta terça. Sexta-feira, o MST e a Comissao Pastoral da Terra (CPT) elaboraram uma carta denúncia na qual afirmam que a mudança na superintendência do Incra - "uma das principais bandeiras da bancada ruralista e dos latifundiários paranaenses" - iria agravar a situaçao de violência no campo "já que o próprio governador indicou o novo superintendente".

"De um lado, o governador tem o comando da Secretaria de Segurança Pública e da polícia estadual que, apesar de todas as denúncias, nao sofreram nenhuma mudança até agora, o que garante a manutençao da parcialidade, da impunidade e da injustiça; e, por outro lado, ao que tudo indica, agora o comando do Incra", afirma a carta. "Com isso, podemos estar voltando às indicaçoes políticas para o Incra, o que acaba desqualificando o trabalho", afirma o documento.

Desarmamento - O assessor da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, Valdir Bicudo, disse nesta terça que nao houve "nada de anormal" no Estado. "Apenas está sendo intensificada a operaçao desarmamento", afirmou. "Agora, a orientaçao é para que sejam parados todos os veículos e que se entre nas fazendas onde houver denúncia de armamento".

Além da regiao noroeste, também o oeste do Estado deve ser rastreado pelos policiais. Nesta terça, o MST havia denunciado que a polícia se preparava para fazer reintegraçoes de posse de áreas em massa no noroeste. A operaçao desarmamento é criticada tanto pelos sem-terra quanto pela UDR. Segundo os sem-terra, somente eles sao vítimas das operaçoes policiais, enquanto a UDR afirma que o importante é a reintegraçao de posse das fazendas que tiveram o pedido julgado procedente pela Justiça. Já a Secretaria de Segurança afirma que a operaçao existe porque os dois lados ficam se acusando de que o outro está armado.

O comandante do 8º. Batalhao da Polícia Militar, em Paranavaí, no noroeste do Estado, disse que a operaçao nao parou desde o dia 22, quando se iniciou. "Mas está tudo tranqüilo", afirmou. No primeiro dia da operaçao foram presas três pessoas acusadas de terem matado Eduardo Anghinoni, irmao do líder sem-terra da regiao noroeste, Celso Anghinoni. Nesta terça, o delegado encarregado do inquérito, Luiz Norberto Canhoto, nao estava na delegacia de Paranavaí. Segundo Valdir Bicudo, além da prisao dos três acusados, foram apreendidas até agora 17 armas brancas, duas escopetas e seis revólveres.




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