Herói carismático da luta contra a Indonésia, Xanana Gusmão, 56 anos, está seguro de sua vitória frente a seu único rival, Francisco Xavier do Amaral, 66 anos. Mas os especialistas estimam que o ex-chefe guerrilheiro terá de ser muito habilidoso para evitar as possíveis armadilhas do Fretilin, principal partido político do país.

O futuro Parlamento e o primeiro governo do Timor, cuja declaração de independência acontecerá no próximo dia 20 de maio, serão dominados por este partido, artífice da independência.

Milena Pires, diretora da campanha de Gusmão, afirmou que certos membros do Fretilin, que não apoiou nenhum dos dois candidatos a presidente, usam meios desonestos para reduzir a amplitude da vitória de Gusmão.

Segundo ela, membros do partido, que não necessariamente atuam segundo ordens do partido, pediram a partidários de Gusmão que votem para Amaral ou que destruam sua papeleta de voto. Muitos eleitores denunciaram tentativas de suborno.

Estas acusações mostram as tensões latentes entre o ex-chefe guerrilheiro e o Fretilin, cujo braço armado foi liderado por Gusmão durante 24 anos, que desvinculou-se mais tarde desta formação.

"No Fretilin tem gente que quer ser presidente", disse um advogado indonésio, Johnson Panjaitan, que representou o chefe rebelde quando este esteve preso em Jacarta, após ser preso em 1992.

O chefe do Fretilin, Mari Alkatiri, provável primeiro-ministro, reconheceu em setembro passado que havia atritos com Gusmão, e insistii em que deve ser o governo e não o presidente que conduza efetivamente o país.