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Nova variante resistente do vírus da Aids preocupa os médicos
Da AFP
17/02/2005 | 19:55
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A comunidade médica internacional enfrenta um novo mistério depois da detecção, esta semana em Nova York, de um novo tipo do vírus da Aids extremamente resistente aos medicamentos de combate à doença que causou a morte de 3,1 milhões de pessoas no mundo. "Agora identificamos esta cepa do HIV, cujo tratamento é difícil, para não dizer impossível, que parece avançar muito mais rápido em direção à Aids", alarmou o chefe dos serviços de saúde da cidade de Nova York, Thomas Frieden.

O Departamento de Saúde informou recentemente a aparição de uma nova cepa resistente, conhecida como ‘3-DCR HIV’, em Nova York, cidade onde há 88 mil portadores do HIV registrados e cerca de 20 mil podem sê-lo sem saber. A nova variante detectada não responde a três classes de medicamentos antirretrovirais e também apresenta um intervalo menor entre a infecção com o HIV e a manifestação dos sintomas da Aids propriamente dita.

O primeiro caso foi diagnosticado em um homem com menos de 50 anos, que informou que praticava sexo anal sem proteção com vários parceiros, normalmente sob efeito da poderosa droga metanfetamina em pedrinhas. Frieden afirmou que se trata de um caso que a atenção deve ser redobrada aos indivíduos que tiveram relações com vários homens e se drogam freqüentemente com metanfetamina.

A identificação da nova cepa do HIV aconteceu pouco depois de se diagnosticar, também em Nova York, dois homens com clamídia, uma doença transmitida sexualmente. Para Frieden, a aparição da nova cepa junto com a clamídia deve chamar a atenção da comunidade gay da cidade. A informação correu rapidamente pelo ‘grupo de risco’, que está assustado com a descoberta.

Apesar do medo, ativistas do movimento gay questionaram as autoridades sanitárias pela pressa em anunciar o resultado do diagnóstico. Alguns especialistas disseram o mesmo. O Martin Delaney de Project Inform, organização não-governamental americana de combate à doença, considerou que aqueles que praticam a boa ciência deveriam ter esperado. "Não vamos assustar as pessoas com esta história de um vírus mais resistente. Já estamos bastante assustados com o próprio HIV", acrescentou.

Voltando a fazer referência à comunidade gay, o chefe dos serviços de saúde de Nova York afirmou que esta "reduziu com sucesso o risco de contrair o HIV na década de 80 e terá que fazê-lo novamente para conter a devastação que a Aids causa e a disseminação de cepas resistentes aos medicamentos." De fato, os primeiros sintomas da Aids aparecem normalmente mais de dez anos depois da contaminação inicial com o vírus de imunodeficiência humana, mas no novo caso o lapso desde o contágio à irrupção da doença foi de apenas dois ou três meses.

A Aids continua fazendo estragos no mundo inteiro, a um ritmo de uma infecção a cada seis segundos e uma morte a cada dez, segundo o informe 2004 ONUAids/OMS. Com isso torna-se cada vez mais vital o acesso ao tratamento da doença, muito caro para a maioria dos doentes, em especial nos países do terceiro mundo.

O mesmo informe destaca que a verba mundial para a Aids triplicou, passando de US$ 2,1 bilhões em 2001 a US$ 6,1 bilhões em 2004 e o acesso a serviços básicos de prevenção e tratamento também aumentou de forma significativa. Entretanto, a doença continua se propagando.




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