Mesmo sem ter aprovado em definitivo, na Câmara, a lei que permite a instalaçao de um aterro sanitário no Parque Guaraciaba, a Prefeitura de Santo André já publicou edital de licitaçao para contratar a empresa que vai elaborar o projeto básico do aterro. A publicaçao aconteceu na última quinta-feira, dois dias depois de a proposta da administraçao ter sido votada em primeira discussao no Legislativo.

"Achei isso um desrespeito com a Câmara, pois o projeto ainda nao foi aprovado em definitivo e já existe uma licitaçao aberta. Acho que o governo poderia ter esperado a segunda votaçao, que deverá acontecer já na próxima semana. Isso foi uma afobaçao", criticou o vereador Ricardo Alvarez (PT), que é contra o projeto.

O secretário de Serviços Municipais da Prefeitura, Klinger Luiz de Oliveira Sousa, nao foi localizado domingo para se posicionar, mas o líder da bancada do PT, José Montoro Filho, o Montorinho, discorda do companheiro de partido. "A Prefeitura apenas está preparando um projeto para detectar a viabilidade do aterro."

Para Montorinho, a Câmara somente autoriza a administraçao a executar o projeto. "Esses estudos que serao feitos sao importantes para a cidade. Tudo está dentro da lei." A vereadora Heleni de Paiva (PT) é da mesma opiniao. "A elaboraçao nao é a conclusao do projeto. Os estudos que Prefeitura pretende fazer sao sérios e precisam de tempo. Nao vejo anormalidade nenhuma. Pelo contrário, só virá para esclarecer ainda mais a sociedade", afirmou.

Heleni discorda que a administraçao tenha agido com desrespeito e precipitaçao. "Eu nao me sinto desrespeitada. Acho que o governo está querendo detalhar melhor como será feito o aterro", disse.

Esse estudo nao será o único do Executivo. Klinger já tinha adiantado que todos os projetos básicos envolvendo a construçao do aterro, uma usina de compostagem, novos acessos de caminhoes e instalaçao de parques ecológicos já estavam sendo elaborados. Para isso, a Prefeitura vai contratar vários escritórios, com custo previsto de R$ 200 mil.

Custos - O aterro sanitário do Guaraciaba deverá exigir investimentos de R$ 200 milhoes da empresa que ganhar a licitaçao para explorar o serviço. Esse valor inclui o pagamento de um precatório (dívida judicial) de R$ 48 milhoes, referente à desapropriaçao da área, nunca quitada, feita em 1989 para instalaçao de um parque ecológico.

A empresa que ganhar a concorrência também terá de construir uma usina de compostagem para tratar o lixo. Parte dos resíduos será transformada em adubo orgânico e o restante será tratado. A usina está orçada em R$ 15 milhoes.

O lago que existe no parque, conhecido como Tancao da Morte, terá de ser aterrado. Também será ser construído um novo acesso para os caminhoes de lixo, devido às queixas da populaçao. Esse acesso deverá ir da Giovanni Battista Pirelli até o novo aterro, passando também pelas margens do córrego Itapoa, na divisa de Santo André e Mauá.

A Prefeitura pretende ainda fazer dois parques ecológicos próximos à área. Um terá 55 mil m², na entrada do Guaraciaba. O outro, com 40 mil m², na avenida Eurico Gaspar Dutra, no Jardim Centreville, a poucos metros do Guaraciaba. Os parques terao lago, quadras de esporte, campos de futebol, pista de patinaçao, playground, vestiários e guaritas.