Cultura & Lazer Titulo
Disco de Natal é 'Cauby canta Roberto'
10/12/2009 | 07:00
Compartilhar notícia
Nário Barbosa/DGABC


O disco de Natal do Roberto Carlos neste ano não será do Roberto Carlos, será o do Cauby. Quase octogenário (fará 79 anos em fevereiro), Cauby lança hoje, com show, o inefável Cauby Interpreta Roberto, pela Lua Music. Os ingressos para as duas apresentações, no Sesc Vila Mariana, estão esgotados.

O medo generalizado era que Cauby se soltasse demais. Bom, mas se não houvesse excesso, não seria Cauby. É sua logomarca, seu trunfo e sua perdição. É por isso que é amado.

Se o ouvinte sobreviver ao "propooonho" interminável de "Proposta", a primeira das 12 canções do lote, vai entrar de cara num novo clássico do intérprete Cauby, "De Tanto Amor", a segunda canção, na qual ele se acompanha apenas de cello, baixo acústico, violão, piano e flauta. Produzido por Thiago Marques Luiz, o álbum transforma o que era derramamento em sofisticação.

Percussão e piano transformam A Volta em uma delícia para fazer cessar o bate-papo em qualquer piano-bar de hotel ou boate de bas- fond. Sentado à Beira do Caminho (única música que não foi Roberto quem gravou primeiro, mas Erasmo) ressurge com uma seção de cordas e arranjo de Cintia Zanco, ganha bossa e gaiatice, e o ritmo da produção acaba impedindo Cauby de derrubar tudo com seu overacting.

"Os Seus Botões" não tem contraindicação, é música da fase mais puramente moteleira do Robertão, e Cauby não desaponta. O saxofone de Ubaldo Versolato dá o golpe final no ouvinte. Música Suave é colchão de plumas para o crooner, com arranjo sinatriano.

"As Flores do Jardim da Nossa Casa "é super-Cauby, e por isso mesmo deveria ter sido evitada. Mas as escolhas são do próprio, e ele tem direito.

Uma gaitinha entra em cena na interpretação de "Não se Esqueça de Mim", para desobstruir e reforçar o climão nostálgico da canção.

Desabafo, tango de cortar os pulsos, fica ainda mais portenha a bordo do bandoneon de Martin Mirol. Acompanhado somente pelo piano em "Olha", Cauby enfatiza os segundos versos, como "de uma cor que mais ninguém possui".

"À Distância" é uma canção que parece ter sempre sido de Cauby, e o arranjo aqui não inventa nada, é muito mais Eduardo Lages do que as canções do próprio Roberto. O produtor da viagem, Thiago Marques, explica da seguinte forma o resultado: "É um dos mitos vivos da música brasileira, um dos mais extraordinários cantores com quem já trabalhei. Ele colocou todas as vozes do disco em duas sessões".

A última música do lote, "O Show Já Terminou", turbinada por trompete, trombone e sax, encontra Cauby apressando os versos em alguns momentos, como "você sabe tanto quanto eu", reinventando a métrica de Roberto com uma sem-cerimônia que só se permite aos grandes.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;