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Gerenciamento de recursos hídricos no CE é apontado como modelo
Do Diário do Grande ABC
20/03/2000 | 17:21
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As mudanças na política de recursos hídricos feitas no Ceará pelo governador Tasso Jereissati foram relatadas no Fórum Mundial da Agua, em Haia, Holanda, como um caso de sucesso. De acordo com John Briscoe, do Banco Mundial, a reforma política do governo cearense possibilitou "um melhor desempenho no uso dos recursos financeiros, redundando num melhor gerenciamento dos recursos hídricos".

Segundo ele, o Banco Mundial já teve muitos problemas com o mau aproveitamento dos empréstimos em projetos do setor hídrico - sobretudo irrigaçao e hidrelétricas - em todo o mundo. O banco, entao, estabeleceu padroes institucionais mínimos para habilitar os tomadores de empréstimo e o aproveitamento é maior. Por isso, Briscoe acredita que os mesmos US$ 3 bilhoes anuais gastos pelo banco neste setor, no mundo, possam reverter em mais água para mais gente, nos próximos anos. Ainda assim, o banco ainda pode destinar novos recursos para projetos hídricos, se houver demanda por parte dos governos.

O governo do Ceará recebeu um empréstimo de US$ 160 milhoes do Banco Mundial para a primeira fase de estudos e mudanças institucionais, que levaram à criaçao de uma Companhia Estadual de Aguas (Coger), hoje responsável pelo controle de toda a distribuiçao de água bruta. Estabeleceu também comitês de bacia, com o sistema de prioridades recomendado pelo primeiro Fórum Mundial da Agua, realizado em Dublin, em 1991. Este sistema prevê o abastecimento humano em primeiro lugar, a irrigaçao em segundo e a energia em terceiro. Ou seja, se houver racionamento, ele começa pelo setor energético e termina no abastecimento.

O Ceará inovou também ao ser o primeiro Estado brasileiro a cobrar pela água bruta, controlada pela Coger. "As companhias municipais de água e esgoto, os projetos de irrigaçao e as indústrias sao usuários desta água, que compram da Coger", explica Jereissati. "Esperamos, com a cobrança, incutir nos usuários a noçao de que a água é um bem econômico e escasso e, portanto, nao deve ser desperdiçada".

O governador avalia que a mudança de mentalidade apenas começa a se operar, e só no interior. Em Fortaleza, esta consciência ainda é muito incipiente. "Temos feito campanhas institucionais, mas campanhas sem cobrança nao funcionam", disse Jereissati. Os efeitos da cobrança devem começar a ser sentidos quando as obras necessárias a uma distribuiçao mais equitativa da água estiverem adiantadas. Embora algumas adutoras e açudes tenham sido construídos, a maior parte das obras inicia-se este ano, com a disponibilizaçao, pelo Banco Mundial, de outros US$ 250 milhoes, que vem sendo negociados há 5 anos.

"Esperamos minimizar a sazonalidade na oferta de água e preparar a populaçao para conviver com a escassez, que sempre existirá, mas será mais suportável se houver auto-controle dos desperdícios por parte dos usuários", finaliza o governador.




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