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Leão quer São Paulo de R$ 1,99 contra o Santos em Mogi Mirim
Das Agências
02/04/2005 | 19:46
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Desde que chegou ao São Paulo, o técnico Emerson Leão estabeleceu uma ordem: chutar ao gol até cansar. Na cabeça do treinador, a conta é muito simples. Mesmo com um aproveitamento baixo, de cerca de 15%, a equipe teria grandes chances de sair com a vitória. Foi exatamente o que aconteceu. Antes da derrota para a Portuguesa (2 a 1), na quinta-feira, o São Paulo tinha média de três gols por jogo – 45 em 15 partidas. "Funciona como essas lojas de R$ 1,99. Você precisa vender muito para lucrar. Temos de chutar muito para acertar", explica.

O torcedor, no entanto, assistiu a um show de erros de finalização diante da Lusa. E, quando alguém acertou o pé, Gléguer salvou. "O sentimento é de frustração pela quantidade de oportunidades que a equipe criou e de poucos gols. Apenas um. Mas não estou decepcionado e sim orgulhoso deles. Foi um massacre sem gols", argumenta Leão. Os próprios jogadores reconheceram que sobrou uma gota de nervosismo e faltou pontaria. "Era o jogo da vida para eles e para nós. Mas, infelizmente, eles tiveram mais competência na finalização do que nós", disse o ala Cicinho.

Renan, Grafite, Diego Tardelli, Souza, Danilo, Cicinho... até Rogério Ceni tentou e não conseguiu. Foi um bombardeio e Leão ficou abismado com o que assistiu. "Nunca vi tanta bola cruzando na área de um lado para o outro. Faltou o pezinho de alguém para empurrar para o gol", completa Rogério Ceni.

Emerson Leão, assim como todo o elenco do São Paulo, não parece preocupado com a derrota e o fim da invencibilidade. Nem a fama de tropeçar nas horas decisivas tem sido um estigma para o São Paulo nos últimos tempos. Várias equipes foram formadas no Morumbi e sentiram o problema. A última manifestação desse fenômeno foi a eliminação nas semifinais da Libertadores do ano passado, diante do modesto Once Caldas. Depois da derrota de quinta-feira, boa parte dos são-paulinos se perguntava se o problema está voltando.

Não é o que pensa a psicóloga Kátia Rubio, professora da Faculdade de Educação Física da USP. Para ela, se havia uma equipe com os nervos à flor da pele no Pacaembu, não era a do São Paulo. Diz ela que "vencer a partida era fundamental para a Portuguesa. Para o São Paulo, era só uma das possibilidades de conquista do título". Para Kátia, a expectativa pela conquista era maior para a torcida do que para os atletas. "Às 7h, todos gritavam ‘é campeão’. Mas só os jogadores sabiam da dificuldade de vencer uma equipe motivada".

Já para o antropólogo José Paulo Florenzano, o trauma da falha nos momentos decisivos não é exclusivo do São Paulo: "Esse é um problema mal resolvido da sociedade brasileira, que se reflete no futebol". Florenzano diz que o fantasma do amarelão aparece de tempos em tempos no futebol. "Isso aconteceu com o Flamengo, contra o Santo André, na final da Copa do Brasil de 2004. E o trauma eterno do brasileiro: o Maracanazzo de 50. Basta o São Paulo ganhar o título que tudo será esquecido."




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