Apesar de reconhecer a “boa vontade” do governo brasileiro em atacar os problemas, o relator apontou um excesso de lentidão em tirar do papel projetos que podem melhorar a situação. “Algumas das condições de moradia no Recife e em Fortaleza estão entre as piores que eu já vi. As pessoas não podem nem mesmo dormir à noite, com água entrando nas casas, ratos e baratas. O que realmente me surpreende é que pessoas vivam nesse estado de negligência do poder público por 10, 20 anos. É inaceitável”, afirmou Kothari.
O local que impressionou tanto o relator chama-se Vila Imperial, em Recife. Fica entre um viaduto e um depósito de lixo e concentra 154 famílias. No local, 50% das pessoas estão desempregadas.
Outros pontos como esse também surpreenderam Kothari, assim como a situação de vilas rurais, quilombos e comunidades indígenas. “É muito perturbadora a condição de insegurança dessas comunidades, que estão perdendo sua identidade e não têm garantia de manutenção de suas terras”, disse.
No caso dos quilombolas, o relator citou a cidade maranhense de Alcântara, onde diversas comunidades remanescentes de quilombos foram deslocadas de suas áreas originais, principalmente para a construção da base militar na região. Segundo Kothari, esses eram grupos auto-suficientes que hoje estão se tornando cada vez mais dependentes de programas de governo.
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