Foi lançado oficialmente terça-feira, em Campinas, o manifesto intitulado Pela Investigação Rigorosa da Corrupção, Pela Punição dos Envolvidos e Pela Democracia. Assinado por 165 intelectuais de sete Estados, o documento alerta para o risco de um entendimento entre o PT, o PSDB e o PFL com o intuito de conter as investigações, blindando a economia e, por tabela, o Ministério da Fazenda e o Planalto. "Queremos a punição dos corruptos e dos corruptores", disse o cientista político Armando Boito Jr., do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-Unicamp). "A investigação não pode parar toda vez que aponta para o Ministério da Fazenda ou do Palácio do Planalto."

O cientista político foi um dos articuladores do manifesto, que, segundo sua análise, repercutiu além do esperado. No início o texto contava com 145 assinaturas. Mas, assim que foi anunciado, outros intelectuais se dispuseram a subscrevê-lo. Nos próximos dias será criado um site na internet para dar maior divulgação ao documento e estimular o debate em torno da crise.

Durante entrevista coletiva no IFCH, Boito explicou que o manifesto representa o pensamento de setores da esquerda que se sentem traídos com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e os rumos do PT. "São economistas, cientistas políticos, educadores, muitos ex-militantes e militantes do PT", disse. "Entendem a gravidade da situação, mas sabem que é necessário intervir de modo corajoso, caso contrário a esquerda vai morrer abraçada a toda essa banda podre do PT, sob o comando do Campo Majoritário."