Diarinho Titulo Timidez
Ai, que vergonha!

Ser tímido não significa ser fraco, afinal, a timidez não
impede Peter Parker de se transformar no Homem-Aranha

Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
04/03/2012 | 07:00
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Na infância, William Henry Gates III era muito tímido. Gostava mais de ter a companhia dos livros do que de pessoas. Preocupados com o comportamento, os pais o levaram ao psicólogo. As características não mudaram muito ao longo dos anos, entretanto, não o impediram de se desenvolver e, tempos depois, criar uma das empresas de tecnologia mais famosas do mundo, a Microsoft. William se tornou o famoso Bill Gates.

Há quem acredite que a timidez é algo muito ruim, mas não. Segundo estudos, o envergonhado, em geral, se esforça mais para ser bom aluno e profissional. Além disso, pensa bastante antes de falar, sabe escutar os outros e tem facilidade para se concentrar.

Parece estranho, mas pode até se sair melhor em apresentações de trabalhos. É que, para não errar, treina mais do que os colegas. Tímido, André Luiz Lourenção, 11 anos, descobriu que ao se preparar melhor ficaria tranquilo na frente da classe. "Antes da apresentação tenho medo de falar errado e rirem de mim. Por isso, estudo muito", diz o aluno do Colégio Anchieta, em São Bernardo.

Pesquisadores também acreditam que o tímido e o introvertido (quem prefere ficar sozinho) possam ser mais criativos. E como passam menos horas conversando, têm mais tempo para se dedicar à leitura e aprendizagem de alguma atividade.

Curioso é que o envergonhado não costuma perceber as próprias qualidades. Aliás, nem sempre gosta de ser assim. Por não conseguir conversar direito com qualquer um, também não mostra quem é de verdade. Às vezes, tem gente que até o considera metido.

André já deixou de ganhar o brinquedo que queria porque não teve coragem de pedir aos pais. Se pudesse, o menino escolheria ter menos vergonha. "Tenho medo de ouvir não, pagar mico e levar bronca na frente dos outros."

A timidez é ruim quando exagerada. Por causa dela ninguém pode, por exemplo, deixar de fazer o que gosta, se relacionar com pessoas e participar de brincadeiras. Se perceber que está afetando sua vida, conte para um adulto em quem confia. Alguns casos precisam da ajuda do psicólogo.

Consultoria de Ailton Amélio da Silva, psicoterapeuta e professor da USP, e Neide Noffs, psicopedagoga e diretora da Faculdade de Educação da PUC-SP.




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