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Custom: imaginação sobre duas rodas
Sérgio Vinícius
Do Diário do Grande ABC
24/07/2001 | 19:15
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 Foto: DGABCNo filme Pulp Fiction – Tempo de Violência (Pulp Fiction, 1995), há uma seqüência em que um personagem aparece com uma motocicleta e sua namorada pergunta que máquina é aquela. Ele então responde que aquilo não é uma motocicleta, mas uma custom. Motos desse tipo conquistaram forte tradição nos Estados Unidos, onde o estilo se tornou sinônimo de liberdade graças ao empenho de algumas fábricas como Harley Davidson, Norton e Indian. A moto custom tem esse apelo sobretudo porque o piloto não precisa se inclinar sobre o guidão e pode fazer viagens longas em posição confortável.

O culto a esse tipo de moto é tão grande que os aficionados por duas rodas costumam dizer que não se compra uma custom, você faz a sua. Com isso em mente, o chefe de produção da Scania e também designer Carlos Uliana resolveu assumir o ditado e construir a sua própria máquina. Mas o detalhe é que a motocicleta, que está em fase final de acabamento, está sendo montada há três anos dentro de um apartamento residencial em São Caetano.

“Um belo dia, acordei e resolvi contruir a minha custom. A parte mais difícil foi contar para minha mulher”, brinca Uliana, que antes de colocar a mão na massa projetou a moto em um programa em seu computador. “Primeiro idealizei a custom no CAD (programa que realiza projetos em 3D). Depois, desenvolvi as peças.”

Após projetar alguns itens, Uliana comprou uma CB 400 por R$ 1 mil e a desmontou inteira. Da original, o designer somente aproveitou o quadro e o motor. Do garfo aos pneus, incluindo suspensão, rodas e a parte elétrica, tudo foi reprojetado. “Algumas peças encontrei em ferro-velho, outras tive de mandar fazer em oficinas do Grande ABC”, diz Uliana. “O interessante é que em nenhum momento tive de sair da região para conseguir peças. A moto é 100% da região.” Cerca de metade das peças da nova custom teve de ser feita exclusivamente para o projeto de Uliana.

O designer calcula que terminará a moto dentro de um mês, quando pretende participar do Mega Cycle, encontro de amantes das duas rodas, que será realizado de 29 de agosto a 2 de setembro em Caraguatatuba, litoral de São Paulo. Para finalizar o projeto, faltam apenas alguns ajustes na parte elétrica. “Quando terminar, vou dar uma volta no quarteirão. Depois, seguirei para Caraguatatuba, com o intuito de exibir o fruto de três anos de trabalho.”

Uliana ainda não terminou o projeto, mas já tem planos para o futuro. O designer pretende continuar com seu hobby voltado a veículos, mas dessa vez algo menos conservador do que uma clássica custom: construirá uma motocicleta com apenas uma roda. “Já olhei alguns protótipos em revistas russas, e tenho em mente o que fazer”, afirmou. “Só lamento que, dessa vez, não poderei utilizar nem quadro nem motor. O projeto será completamente novo.”

Mas a dificuldade de projetar uma moto com uma roda – que terá diâmetro de 1,20 m e o piloto ficará sentado ao centro – partindo do nada não assusta Uliana. Nos tempos de faculdade, o designer projetou um barco que era movido a partir de uma Honda CG 125. “Pena que, na época, ninguém emprestou a moto para que puséssemos o barco na água”, lamenta.




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