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S.Bernardo: educadores não podem se comunicar
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
21/03/2009 | 08:15
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Os professores da rede municipal de São Bernardo estão proibidos de se comunicar diretamente por meio da rede virtual interna. Um texto assinado pela secretária de Educação e Cultura, Cleuza Repulho, no dia 13, informa que as comunicações devem ser encaminhadas aos profissionais com cargos superiores. A Prefeitura nega qualquer filtro nas conversas.

"Não está autorizado que funcionários se utilizem do sistema de rede para comunicação com unidades escolares ou outros setores da secretaria sem autorização prévia da chefia imediata", diz um trecho do informativo distribuído para todas as unidades escolares do município.

Um educador que pediu para não ser identificado ressaltou que a prática tem deixado os professores "assustados e apreensivos". A atitude também está sendo encarada como "intimidação" e "interrupção na liberdade de expressão". "Esse canal de comunicação tem gerado incômodo. Era um fórum democrático de debates de ideias relativo à educação, que hoje não existe mais", reclamou.

O servidor observou ainda que a interrupção na comunicação pode prejudicar o funcionamento do sistema educacional. "Fazíamos uma interlocução de projetos, com comentários das realizações das escolas. A paralisação desse processo visa regular as opiniões", enfatizou o educador.

Segundo o funcionário, não houve qualquer precedente de uso inadequado da rede para justificar a restrição da secretaria sob responsabilidade de Cleuza Repulho, que foi condenada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) a devolver R$ 125,5 mil à Prefeitura de Santo André (veja reportagem ao lado).

A administração de São Bernardo ressaltou que não ocorreu irregularidade na utilização da ferramenta e afirmou que a livre comunicação entre os servidores da Educação "nunca foi interrompida".

APEOESP - A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) irá averiguar a existência da medida imposta pela Secretaria de Educação e Cultura de São Bernardo. Se constatada, a entidade irá formular uma representação para que seja restabelecido diálogo entre os educadores e funcionários pela rede interna.

"Temos de confirmar o que realmente está acontecendo. Somos contrários a qualquer censura ou atos autoritários. Os procedimentos que tolham a livre expressão são inadequados à atual realidade brasileira", pontuou o secretário de Comunicação da Apeoesp, Paulo Neves.




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