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Asilo público está com dias contados no RJ
Do Diário do Grande ABC
13/05/2000 | 15:14
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Fundado em 1879 pelo imperador Dom Pedro II, como abrigo para mendigos, o Instituto de Geriatria e Gerontologia Miguel Pedro (IGG), localizado em Vila Isabel (Zona Norte), está, pouco a pouco, extinguindo o setor de asilamento de idosos, que funciona desde 1922.

Para se ter uma idéia, há três anos, quando pararam de ser aceitas novas internaçoes no asilo, havia 75 pessoas residindo no IGG. Hoje existem apenas 42, com idades entre 51 e 99 anos. Sao 35 mulheres e sete homens.

Unico asilo vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e considerado na época do escândalo das mortes de velhinhos na Clínica Santa Genoveva, em Santa Teresa, um exemplo de lar para idosos, o Instituto será transformado em um centro de excelência em tratamento geriátrico.

O novo centro fará internaçoes, com a possibilidade de tratamento, e contará com uma infra-estrutura de atendimento que inclui vários ambulatórios.

Segundo Helena Barros Campos de Carvalho, gerente do Programa de Saúde do Idoso, da SMS, o motivo da extinçao do IGG é a portaria nº 2.423, de 23 de março de 1988, editada pelo Ministério da Saúde.

A medida determina que as secretarias de saúde só podem fazer credenciamento para as verbas do Sistema Unico de Saúde (SUS) para realizar atendimento hospitalar, reabilitaçao e tratamento de doenças crônicas. "Abrigar idosos em sistema de moradia cabe, agora, à Secretaria de Desenvolvimento Social, cuja verba vem do Sistema de Assistência Social (SAS), um programa do Ministério de Previdência Social", explica Helena.

A notícia de que o Instituto irá fechar vem assustando os internos, que temem ficar sem um lugar para morar. "Se isso aqui acabar, nao terei para onde ir. Só me resta esperar a morte", comenta, com bastante dificuldade, Maria Eulália Nunes, 99 anos. Com a audiçao prejudicada e sem família ou renda para se manter, só restou-lhe o Instituto como opçao de moradia. Lá, ela vive há mais de 15 anos.

Abandonado pelos filhos, Alceu Menezes, 82 anos, está internado há 30 no asilo. Sem poder andar por causa de um acidente, ele passa o dia deitado em uma cama, situada em um canto escuro da enfermaria. "Eles nao podem acabar com a nossa casa e nos botar na rua. O destino da velhice é realmente muito triste", disse, chorando, o ex-comerciante, que há 10 anos tenta receber, sem sucesso, a aposentadoria.

O diretor do Instituto, Dídimo Luiz Pereira de Castro, garante que, embora o processo de desativaçao do local já esteja se desenvolvendo há três anos, o fechamento da casa geriátrica de Vila Isabel nao será imediato.

Segundo ele, os pacientes que estao fora de possibilidade terapêutica ou nao têm família ou renda nao ficarao na rua. O diretor diz que eles poderao ser transferidos para asilos vinculados à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS).

De acordo com Carlos Augusto Araújo Jorge, secretário municipal de Desenvolvimento Social, os residentes do Instituto nao devem ficar assustados. "O processo de extinçao do asilo ainda está em fase de negociaçao com o secretário municipal de Saúde, Ronaldo Gazzola", afirmou.




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