Por falta de alternativas junto à base aliada, o vereador de Santo André Ailton Lima foi alçado ao posto de líder do governo Aidan Ravin (PTB) na Câmara. Em razão do período eleitoral e a difícil missão de defender a gestão petebista, os partidos recuaram para ficar livre à abertura de negociações com os demais candidatos no processo. Prova disso é que o detentor da função em 2011, o vereador Donizeti Pereira (PV), sofreu pressão da sigla para largar o bastão.

A escolha do petebista desagradou a oposição, bem como alguns integrantes da ala situacionista. Pelo perfil explosivo, Ailton entrou em confronto com colegas de Casa em ocasiões anteriores. Numa delas, o correligionário de Aidan por pouco não chegou às vias de fato com o vereador Luiz Carlos Pinheiro, o Pinheirinho (DEM), no banheiro do Legislativo.

Com o atual líder da oposição, Jairo Bafile, o Jarinho (PT), Ailton trocou farpas em diversas sessões. O petista sustenta que foi um erro a indicação do petebista. Segundo ele, com poucos quadros à disposição, outros nomes poderiam receber a bênção do prefeito, como o vereador Gilberto do Primavera (PTB). "Ailton não possui bom trânsito com todos os parlamentares. Ele vai ter de mudar bastante, é muito esquentadinho. Fica mais difícil o trabalho de articulação."

Ailton é o vereador com maior proximidade com o chefe do Executivo. Inclusive, em algumas oportunidades, fazem viagens juntos, além de visitas a munícipes. Com a ligação, Ailton sempre era colocado como cotado para exercer o cargo. Em decorrência de atrair aliados, porém, Aidan dava o bastão de porta-voz a outro vereador da base, o que, desta vez, não surtiu efeito.

O primeiro teste de Ailton no posto se deu pela votação das contas de 2009 de Aidan. O Tribunal de Contas do Estado aprovou as finanças. E, mesmo numa situação simples, ficou claro que o petebista enfrentará entraves políticos que vão perdurar durante todo o período eleitoral. A bancada do PT, composta por seis vereadores, além de Pinheirinho se abstiveram da apreciação. Houve 12 votos favoráveis.

O petebista garante que vai se policiar daqui para frente para ficar no papel de líder. Ele agora vai aderir à linha do diálogo. "Vou me esforçar para não cair no baixo nível. Sempre fui mais firme nas colocações. Evidente que a personalidade não dá para enterrar, mas a intenção é evitar provocações", disse, considerando que dificilmente o PT deixará de criar dificuldade. "Não vou fugir da discussão."