Cinco minutos podem passar em um piscar de olhos. Mas é tempo o bastante para criar enorme tensão durante um assalto. Tudo o que ocorre durante os 300 segundos pode mudar o cenário do que foi planejado para o ato. Mais do que tudo, é preciso ser frio, principalmente na hora da fuga. Um bom piloto é essencial para que o furto dê certo.

O estilo calculista e sagaz desse profissional marca o drama 'Drive', que chega hoje aos cinemas brasileiros. O título trabalha com situação limite que obriga um personagem complexo e, aparentemente, sem sentimentos a demonstrar sua verdadeira personalidade de anti-herói.

A trama acompanha o dublê (Ryan Gosling) que ganha a vida dirigindo e capotando carros em filmes durante o dia e serve como piloto de fuga de roubos à noite. Sem amigos, namorada ou familiares em Los Angeles, ele se sente à vontade quando está à frente do volante e vaga pelas ruas da cidade.

O cotidiano monótono ganha ânimo quando conhece a vizinha Irene (Carrey Mulligan) e seu filho. Ao mesmo tempo em que se apaixona pela nova amiga, o rapaz terá de ajudar o marido dela, que acaba de deixar a prisão e é obrigado a fazer outro assalto para pagar uma dívida.

Mas que o público não imagine incríveis planos de roubo, como apresentados em algum 'Onze Homens e Um Segredo' (2001), e fugas alucinantes, casos das apresentada em 'Uma Saída de Mestre' (2003). A trama comandada pelo diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn se desenrola no tom dramático que circula o universo do dublê, que encontra alternativa para o mundo em que vive por meio da paixão inesperada.

O estilo quieto do personagem ganha vida em seus momentos de explosão, quando utiliza violência bruta na luta contra os bandidos que o perseguem.

'Drive' se apresenta como espécie de western moderno, no qual os cavalos dão lugar a carros e o herói solitário precisa ajudar a mocinha indefesa. As estradas do Velho Oeste apenas ganharam asfalto - e podem entediar um público que não está acostumado a enredos mais parados.