O aumento da atuação do BC (Banco Central) na compra de dólares à vista a partir de agora deve ser o principal antídoto que o governo vai aplicar até o fim do próximo ano para conter a valorização do câmbio, avaliou o diretor da NGO Corretora, Sidnei Nehme.

Para ele, o enxugamento do eventual excesso de dólares no País que pode ser registrado em função do aumento da confiança dos investidores sobre as perspectivas econômicas do Brasil no médio prazo deve aumentar as reservas cambiais em cerca de

US$ 55 bilhões até dezembro de 2010, o que levaria tal poupança externa a subir dos atuais US$ 225 bilhões para US$ 280 bilhões.

Esta aquisição de divisas, segundo ele, será essencial para manter a cotação do real ante à moeda americana ao redor de R$ 1,80 até os primeiros dias de 2011. Para Nehme, o câmbio pode até ficar abaixo de R$ 1,80 em alguns períodos nos próximos 14 meses, mas seu cenário principal indica que a cotação deve ficar relativamente próxima àquela marca, pouco superior ao patamar atual de R$ 1,74 .

Embora ressalte que o BC não tem condições de determinar a cotação do real ante o dólar, pois essa é variável influenciada por fatores externos, ele destaca que a autoridade monetária deverá atuar com mais vigor para reduzir ao máximo movimentos bruscos de volatilidade, que são ruins para agentes econômicos.

Na avaliação do especialista, o mais provável é que o Brasil distribuirá os US$ 55 bilhões líquidos de recursos externos que devem ingressar até o fim de 2010 da seguinte forma: US$ 25 bilhões devem ser agregados às reservas internacionais, que subiriam para US$ 250 bilhões.

Segundo ele, como esse montante seria bem superior aos US$ 204,1 bilhões da dívida externa, número apurado até agosto pelo BC, o País não precisaria elevar ainda mais esta forma tradicional de poupança. "Os outros US$ 30 bilhões adicionais devem ser aplicados num fundo soberano", comentou. "Esta é uma estratégia bastante utilizada por muitos países, como China e Noruega, para evitar que o ingresso forte de capitais externos abale a condução da política econômica", disse.