D+ Titulo
Comunicação é o que importa
Marcela Munhoz
04/04/2010 | 07:16
Compartilhar notícia


Já dizia o escritor Machado de Assis, em 1894: "Em matéria de língua, quem quer tudo muito explicado, arrisca-se a não explicar nada." Às vezes, o que pode parecer errado gramaticalmente não é assim tão errado quando se está trocando ideia com um amigo. O que importa, na verdade, é se fazer entender.

É o que pretende transmitir a exposição Menas: o certo do errado, o errado do certo, que está no Museu da Língua Portuguesa, em Sampa, até 27 de junho. O próprio nome da mostra é uma provocação: menos é advérbio invariável, portanto, menas, supostamente, não existiria. Mas, quem nunca disse isso em uma conversa informal?

Curioso como deve ser, o D+ convidou Girrana Rodrigues Teixeira, 14, da EE Clóvis de Lucca, de São Bernardo, e Yasmin Brito Onça, 17, da EME Alcina Dantas Feijão, de São Caetano, para visitar a exposição. Familiarizadas com o idioma, as estudantes - vencedoras em suas categorias do concurso Desafio de Redação, promovido pelo Diário - curtiram o passeio.

"A sensação de viver a história da nossa língua é mágica. Uma mistura de lazer e aprendizado. Recomendo até para quem não curte estudar", diz Girrana.

A exposição está dividida em sete áreas. De cara, o visitante se depara com palavras penduradas e um espaço para colocar o olho. As palavras, então, formam frases. Em seguida, uma parede colorida mostra os 100 erros mais cometidos, entre eles ‘Vamos se ver amanhã' e ‘Isto é para mim fazer'.

Na Biblioteca de Babel, trechos de músicas e poesias enfeitam as prateleiras. Um vídeo apresenta dicussão sobre quando utilizar a norma culta e a coloquial. Um dos corredores mostra que frases de pára-choque de caminhão (como ‘Em terra de Saci uma calça dá para dois') e propagandas (Cerviços de cabeleireira) são materiais ricos para analisar o uso da língua. Girrana já observou muitos desses deslizes por aí. "Uma vez vi a palavra hidratação sem h. Entrei lá e falei com a dona, que corrigiu. Tem gente que não sabe o que é certo."

Tem muito mais coisas para ver


Após visitar a exposição temporária, vale a pena dar uma passadinha na mostra fixa do museu, no 3º andar. O lugar é grande, com muita coisa bacana para fazer. Tem um telão enorme que exibe trechos de falas de reportagens e novelas. Há também computadores, nos quais é possível ver o significado de algumas palavras em várias línguas, como as indígenas, inglês, francês. Também há um painel que conta a história da comunicação no Brasil.

No fim do corredor fica escondidinha a parte mais legal desse espaço. É o Beco das Palavras, jogo em que surgem várias sílabas na tela e o visitante, com as mãos, tem de tentar juntá-las para formar palavras. Os contornos de mãos e braços aparecem como fios azuis. Assim que o jogador forma a palavra, é surpreendido com seu significado e a imagem do que representa.
Para finalizar dá para assistir a um vídeo de meia hora sobre a origem e a importância dos idiomas para a humanidade.

Onde
Menas: o certo do errado, o errado do certo, no Museu da Língua Portuguesa (Praça da Luz, Centro, São Paulo, tel.: 3326-0775; do Grande ABC é fácil ir de trem; o museu fica ao lado da Estação da Luz). Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h. Ingresso: R$ 3 e R$ 6; grátis aos sábados.

www.museudalinguaportuguesa.org.br


Vale a pena conferir

"Ler é tão interessante que ninguém deveria ser obrigado. Aprender Português precisa dar prazer", afirma Girrana, que, junto com Yasmin, deu um rolé por todo museu. Equipadas com máquina fotográfica e caderninho, as meninas anotaram tudo o que viram pela frente. "Vou postar no blog, claro", avisa Yasmin.

Logo na entrada, elas se admiraram com as palavras penduradas no teto. Girrana curtiu muito a frase ‘Saber falar e escrever é fazer-se compreender'. "Isso é o que importa", garante.

Enquanto se identificavam com erros gramaticais selecionados para o quadro, testaram seus conhecimentos no Quiz. O computador mostra uma frase e várias alternativas para o visitante escolher a que considera correta. "No fim, todas estão certas", concluiu Girrana.

Antenada com tudo o que envolve o idioma e as artes, Yasmin se identificou com a sala de músicas e poesias. Observou trechos de compositores brasileiros, como Arnaldo Antunes, Caetano Veloso e Adoniram Barbosa. Esse último adorava gírias, abreviações e usava vocabulário típico do interior e de gente humilde, como em Tira ao Álvaro, em que diz ‘De tanto levar frechada do teu olhar'.

De tudo o que viu, Yasmingostou mais do vídeo que discute quando se deve usar a norma culta e a coloquial (a do dia a dia). "Quando falo com os amigos, uso muita gíria. Quando me comunico com alguém mais velho ou mais importante, procuro escolher bem as palavras. Na internet, o mundo é outro. Quem não sabe internetês não consegue se fazer entender."

Quer saber mais? Confira o blog das meninas: historiaeboatos.blogspot.com (Girrana) e nofetched.blogspot.com (Yasmin).

Outros passeios legais
Pinacoteca do Estado - O prédio já é uma obra de arte, construído de 1897 a 1900. É o primeiro museu de São Paulo. Praça da Luz, 2, tel.: 3324-1000. De terça a domingo, das 10h às 17h30. Ingresso: R$ 3 e R$6. Grátis no sábado.

Museu de Zoologia da USP - Dispõe de exposição permanente de animais embalsamados e biblioteca especializada. Avenida Nazaré, 481, Ipiranga, São Paulo, tel.: 2065-8100. Funciona de terça a domingo, das 10h às 17h. Ingresso: R$ 2 e R$ 4.

Museu de Arte de São Paulo (Masp) - Reúne a mais importante e abrangente coleção de obras de arte da América Latina. Avenida Paulista, 1.578, São Paulo, tel.: 3251-5644. De terça a domingo, das 11h às 18h. Ingresso: R$ 7 e R$ 15.

Museu do Futebol - Apresenta variado acervo sobre o esporte, como um aparelho que mede o chute dos visitantes. Praça Charles Miller, Estádio do Pacaembu, São Paulo, tel.: 3664-3848. Funciona de terça a domingo, das 10h às 17h. Ingresso: R$ 3 e R$ 6.

Museu da Imagem e do Som (MIS) - Acervo sobre cinema, fotografia, vídeo, som, televisão, artes gráficas e novas mídias. Avenida Europa, 158, São Paulo. tel.: 2117-4777. De terça a sábado, das 12h às 22h, domingo, das 11h às 21h. Ingresso: R$ 2 e R$ 4.

Catavento Cultural - Atrações tecnológicas sobre artes, história, geografia e ciências. Instalado no Palácio das Indústrias, Avenida do Estado, Parque D. Pedro II, São Paulo, tel.: 3246-4100. De terça a domingo, das 9h às 17h. Ingresso: R$ 3 e R$ 6.

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;