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Decisão afugenta novos investidores
Lana Pinheiro
Do Diário do Grande ABC
29/08/2006 | 22:18
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Se um executivo de Detroit, capital mundial da indústria automotiva, estivesse hoje sentado diante de um mapa mundi definindo futuros investimentos de sua empresa, o Brasil, certamente ficaria de fora. Essa é a opinião de Diogo Clemente, consultor de empresas e ex-dirigente de montadora. “Se eu fosse esse executivo não investiria aqui, pelo menos por enquanto”, afirma.

Diferente de outras crises, dessa vez não são aspectos macroeconômicos ou crise generalizada no setor automotivo que assustam. A incerteza das matrizes sobre a estabilidade da indústria brasileira pode ser mais uma das tantas conseqüências da atual crise que se abate sobre a Volkswagen do Brasil.

“Não podemos minimizar a importância da Volkswagen. Ela é a maior montadora da Europa, a maior exportadora brasileira e qualquer crise que a envolva chama a atenção da indústria mundial”, analisa Clemente. E diante da indefinição sobre o futuro da companhia no país, alguns executivos podem preferir esperar a situação se normalizar para voltar a encarar o Brasil como um destino seguro para seus recursos. “Se eu tenho a China e a Índia para me socorrer como ótimas opções de lugares para se investir, porque me arriscaria?”, questiona.

Além do impacto para a indústria e para o país, Clemente lembra que para os trabalhadores o trauma do plano de reestruturação é incalculável. Principalmente pelo modo como a companhia age, que dentre outras ações, envolveu envio de carta nominal aos funcionários anunciando cortes que só serão efetivados daqui a três meses.

“Essas coisas não se fazem assim, porque isso só gera instabilidade”, afirma Clemente ao completar que a decisão de enviar o comunicado um dia depois da decisão do BNDES, de suspender o empréstimo, “dá a impressão de ser uma retaliação ao governo”.

Apesar dos pesares, Clemente é otimista. “Não existe solução que não seja negociada, quanto mais rápido se resolver a crise, mais rápido o país se recuperará de seus impactos”, finaliza.




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