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Sindicato ajuda empresas a reativar negócio
Fabiana Cotrim
Do Diário do Grande do ABC
03/03/2001 | 17:33
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Uma empresa estava prestes a fechar as portas e, depois de uma profunda reestruturação na produção, inclusive com o corte de alguns funcionários, conseguiu ganhar fôlego para continuar seu negócio e manter a maioria dos trabalhadores empregados. Uma outra empresa teve de readequar as funções dos operários para atender às novas demandas de mercado e, após um replanejamento global, até mesmo os custos com transportes foram substancialmente reduzidos.

Esses poderiam ser apenas mais alguns casos no imenso rol de reestruturações e cortes de funcionários em empresas ocorridos nos últimos anos. Não fosse por um detalhe. O próprio sindicato dos trabalhadores ajudou nesses processos.

Apesar de concordar até mesmo com o inimigo número um de toda entidade que representa trabalhadores – as famigeradas demissões –, nesses casos o sindicato mudou a postura normalmente reativa e teve como objetivo principal garantir que não se matasse a galinha dos ovos de ouro, ou seja, se fechasse a empresa e deixasse todos os empregados na rua.

A negociação e a ausência de conflitos têm sido alguns dos pontos defendidos pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André na relação com as indústrias de sua base de atuação. Nos últimos anos, segundo o presidente do sindicato, Cícero Firmino da Silva, o Martinha, houve muito consenso e parceria nas medidas tomadas, que visaram basicamente a manutenção do emprego e o crescimento das empresas. “Buscamos uma discussão na mesa com os empresários até as últimas conseqüências, sem greves. Antes, qualquer motivo de discórdia acabava na paralisação.”

Partindo do pressuposto (óbvio, mas muitas vezes esquecido) de que os empresários dependem dos funcionários para o bom andamento de seus negócios, Martinha afirma que hoje a busca é pelo aumento da produtividade e, sem a colaboração dos empregados, isso é quase impossível. “A Participação nos Lucros e Benefícios (PLR) é um incentivo para que o funcionário trabalhe mais motivado e tem surtido efeito, com a diminuição no número de faltas e até dos atrasos para que as metas sejam cumpridas. Os empregados estão mais conscientizados de que, se a empresa vai bem, ele também ganha.”

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, em algumas negociações o sindicato concordou com a demissão de parte dos funcionários para manter a empresa aberta. Em outros, as demissões foram ocasionadas pela mudança no quadro de atividades. Na maior parte dos casos, segundo Martinha, a reestruturação foi um sucesso e já houve até a retomada das contratações.

Somar – Na fundição Prates Masó, de Santo André, havia sério risco de a empresa fechar as portas. O sindicato foi chamado para conhecer a real situação. Para sanar as dificuldades, foram feitos alguns cortes. “Ainda estamos enfrentando um momento difícil, mas, se além disso estivéssemos com um ambiente tumultuado, a situação seria ainda mais grave. O sindicato tem de somar e não dividir”, disse o diretor executivo da Prates, Celso Calia.

Todo o plano de reestruturação da empresa, segundo Calia, foi feito com a participação do sindicato. “Refizemos a política salarial, que agora premia pela competência e habilidade do profissional. Também estamos incentivando a polivalência das funções e damos preferência aos nossos funcionários para contratações nos cargos mais altos. O sindicato está maduro e percebe que a prioridade da empresa é aumentar a receita e expandir no mercado.”




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