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Brasil busca normalizar laços com novos líderes líbios
02/10/2011 | 08:15
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Depois dos percalços ao longo da guerra civil na Líbia, o Brasil trabalha para normalizar as relações com o Conselho Nacional de Transição (CNT). O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, reuniu-se na segunda-feira em Nova York com o primeiro-ministro interino do país, Mahmud Jibril. Em jogo, estão contratos da Petrobras, da Odebrecht e de outras empresas brasileiras que não retomaram seus trabalhos na Líbia.

Enquanto outros países já reabriram suas embaixadas em Trípoli, a do Brasil permanece fechada. "Na conversa com Jibril, a tônica foi a normalização das relações", disse à reportagem o porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar da Silva Nunes. "Jibril não fez nenhuma menção de desagrado com a demora do reconhecimento (do CNT pelo Brasil)."

Os EUA, países europeus, a China e até a Rússia, tradicional aliada de Muamar Kadafi, reconheceram o CNT como governo legítimo da Líbia depois da tomada de Trípoli pelos rebeldes, em 23 de agosto. O governo brasileiro esperou que a ONU o reconhecesse, no dia 16 de setembro.

Entre a tomada de Trípoli e o reconhecimento pela ONU, o Brasil bloqueou os investimentos do banco ABC, controlado pelo Banco Central líbio. Os EUA, a União Europeia e as monarquias do Golfo Pérsico fizeram o contrário: congelaram os ativos do governo líbio durante a guerra e os descongelaram depois da tomada de Trípoli.

Antes, o Brasil se abstivera na votação do Conselho de Segurança da ONU que autorizou, em 17 de março, a imposição da zona de exclusão aérea pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para proteger os civis dos ataques de Kadafi.

Críticas

Essas atitudes causaram indignação nos líbios, que concluíram que o Brasil apoiava Kadafi. Mustafa Gheriani, então porta-voz dos rebeldes do CNT, disse ao Estado depois da votação no Conselho: "Kadafi prometeu dar contratos de petróleo para o Brasil, Índia, China e Rússia (quatro dos cinco países que se abstiveram na votação, além da Alemanha). Lula é um revolucionário também. O Brasil não deveria se deixar comprar por Kadafi."

O porta-voz do Itamaraty negou que o Brasil tenha ficado do lado de Kadafi. "Não tínhamos nenhuma hesitação em estar do lado dos manifestantes", assegurou, lembrando que o Brasil votou, em 25 de fevereiro, pela suspensão da Líbia no Conselho de Direitos Humanos da ONU. "Mas, no ambiente diplomático, há regras. Você não sai apoiando o primeiro grupo de manifestantes que aparece."

Segundo Tovar, o Brasil quis "esperar para ver como as coisas se acomodavam" e dar oportunidade para que a Liga Árabe e a União Africana assumissem posição, num contexto multilateral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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