Um número de pessoas além do previsto no almoço entre a prefeita de Sao Paulo, Marta Suplicy (PT), e moradores de rua causou tumulto no Pátio do Colégio, no centro velho de Sao Paulo. O encontro foi marcado com 50 representantes de entidades que assistem moradores de rua, mas cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar, foram ao local para tentar almoçar com a prefeita, empossada nesta segunda-feira.

Marta almoçou com pelo menos 100 pessoas. Foi servido salada mista, farofa, arroz, feijao e fricassê de carne com legumes, e a sobremesa foi melancia e laranja.

A prefeita disse que cerca de 600 pessoas estiveram presentes no local para almoçar ao seu lado. "Isso mostra o nível de exclusao e o número de pessoas na cidade que querem comer", afirmou.

A sucessora de Celso Pitta assinou decreto regulamentando projeto de Lei Municipal de 1995, de autoria da vereadora Aldaiza Sposati (PT), que prevê o combate à exclusao social, à falta de moradia, e incentivo ao emprego e melhores condiçoes de saúde. O projeto cria uma política de atendimento à populaçao de rua serviços, como melhores serviços especializados à saúde, qualificaçao de abrigos e albergues e criaçao de cooperativas para geraçao de emprego.

O texto do projeto é de 1995, aprovado pela Câmara Municipal em 1996. O prefeito na época, Paulo Maluf, porém, vetou o projeto. A Câmara derrubou o veto em abril de 1997, mas o ex-prefeito Celso Pitta ingressou com uma açao de inconstitucionalidade contra a lei. Ele retirou a açao em 1998, mas nao regulamentou a lei.

Segundo informaçoes da rádio CBN, o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua, que selecionou as pessoas que participariam do encontro, tentou conter o tumulto, ordenando o fechamento dos portoes do Pátio. Houve um grande empurra-empurra.

O secretário da Família e do Bem-Estar Social, Evilásio Farias, pediu para que um maior número de refeiçoes fosse enviado ao Pátio do Colégio, ressaltando que o almoço seria simbólico e que nao seria possível dar alimento para cerca de 10 mil pessoas, o total de moradores de rua da cidade.

Lei Fiscal - Marta disse nesta terça-feira que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) deve ser revista. Para ela, a lei, que entrou em vigor este ao, apresenta falhas. No entanto, ela nao conseguiu explicar que pontos da lei estariam dificultando os trabalhos.

Ela lembrou, porém, que é importante a existência de uma lei que controle os gastos públicos.

Assédio - A prefeita irritou-se com a imprensa em seu primeiro dia de trabalho. Ela chegou às 9h25 ao Palácio das Indústrias, sede da prefeitura da capital paulista e, cercada de seguranças, evitou falar com a imprensa.

Vários jornalistas e fotógrafos cercaram o carro da petista, que apenas declarou que espera que aquela confusao nao se repita todos os dias. Marta desceu do carro escoltada por seguranças até a entrada do prédio.

Segundo informaçoes da rádio CBN, os jornalistas seguiram para a sala da assessoria de imprensa do Palácio e foram impedidos por um guarda civil metropolitano de sair do local por cerca de dez minutos para evitar o assédio à prefeita.

Marta circulou na prefeitura escoltada por guardas e, diante da insistência da imprensa, afirmou, irritada, que só daria declaraçoes durante o almoço, o que nao foi cumprido.

Antes de ir à prefeitura, Marta fez um cooper perto de sua casa, no Jardim Europa.

Durante seu discurso de posse, nesta segunda, Marta afirmou que as atençoes de seu governo serao voltadas aos excluídos, com prioridade para a área social, principalmente a educaçao.