Internacional Titulo
Profecias podem indicar sucessor do papa
Lola Nicolas
Do Diário do Grande ABC
10/04/2005 | 19:35
Compartilhar notícia


Quem será o sucessor de João Paulo II? Quem será o novo papa dos católicos? Um brasileiro, um africano, um italiano? O mundo todo está de olho no Vaticano. As atenções estarão mais centradas a partir da próxima segunda-feira, dia 18, quando começa o conclave dos cardeais que elegerá o sucessor de João Paulo II. Até que a fumacinha branca saia por uma das torres do Vaticano, anunciando o escolhido, vamos viajar pelo mundo do misticismo e mergulhar nas profecias de Nostradamus e São Malaquias, profetas dos séculos XVI e XII que escreveram sobre os destinos do mundo. Como os textos são herméticos demais, é preciso muito esforço de compreensão e dedução, além de cálculos enigmáticos de matemática, para deduzir que, segundo eles, o sucessor de João Paulo II vai reinar por apenas cinco anos e será regido pelo símbolo “Da Glória da Oliva”. Os dois profetas, deduzem os estudiosos, prevêem que o escolhido será o penúltimo papa. O último reinará por 14 anos.

Entenderam? Bem, primeiro cabe aqui pequeno resumo de quem foram Nostradamus e São Malaquias. Em rápida pesquisa pelo site de busca Google, surgem 913 mil resultados sobre Nostradamus e outros 19,2 mil sobre São Malaquias. Michel de Nostre Dame, ou Nostradamus, nasceu em 14 de dezembro de 1505 na cidade de Saint-Rémy, Provence, França. Os pais eram judeus e, aos 9 anos, ele se converteu ao catolicismo. Desde cedo, Nostradamus demonstrou interesse pela matemática e astrologia. Formou-se médico, mas o comportamento pouco ortodoxo para a época atraiu a atenção e a ira da Santa Inquisição.

Em 1555, publicou parte das profecias, que são considerada as mais editadas em todo o mundo ocidental. Dizem que somente a Bíblia o supera em número de edições e traduções. Estudiosos sobre esse médico francês acreditam que ele previu o atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Teria escrito ele: “Na cidade de Deus haverá um grande trovão; Dois irmãos serão destruídos pelo caos; Enquanto a fortaleza resiste; o Grande Líder sucumbirá”. A profecia só foi divulgada pelos jornais americanos após a tragédia que se abateu sobre os norte-americanos.

Já São Malaquias nasceu em Armagh, Irlanda, em 1094. Foi ordenado sacerdote em 1119 e chegou a ser bispo em sua terra natal. Muitos milagres foram atribuídos a ele, mas Malaquias também ficou conhecido pelas visões e profecias. Dizem que acertou o dia exato de sua morte. Foi canonizado pelo papa Clemente II em 6 de julho de 1199.

Voltando ao sucessor de João Paulo II, Nostradamus, segundo os milhares de sites na internet, escreveu: “Depois que o pontificado completar 17 anos, cinco papas mudarão em tal termo de resolução. Depois será eleito um de mesmo tempo, que dos romanos não será muito assemelhado”. Tentando explicar: o único papa que ficou 17 anos no trono de São Pedro foi Pio XI (1922-1939). Depois vieram mais cinco: Pio XII (1939-1958), João XXIII (1958-1963), Paulo VI

(1963-1978), João Paulo I (1978 – apenas 33 dias) e João Paulo II (1978-2005). O sexto papa será escolhido agora. Há quem garanta que “um de mesmo tempo” significa a duração de seu mandato, ou seja, reinará somente o número final do ano de sua indicação, ou seja, 2005, cinco anos. A expressão“dos romanos não será muito assemelhado” pode significar que o escolhido será o nigeriano Francis Arinze, único cardeal negro no conclave.

Leque aberto – São Malaquias previu que o papa do século XXI estará relacionado com a expressão “Da Glória da Oliva”. O cardeal nigeriano se encaixaria nessa definição, pois dirige o Conselho Pontifício pelo Diálogo entre as Religiões, que prega a paz. Para os religiosos, o ramo de oliveira significa paz. Mas oliva também pode ser cultivo de azeitonas, fonte de subsistência da família do cardeal de Florenza, Silvano Piovanelli, outro candidato ao papado. Os estudiosos também apontam o arcebispo de Milão, o cardeal Carlo Maria Martini, jesuíta que costuma viajar para Jerusalém, terra sempre associada ao ramo de oliveira.

A bibliotecária Monica Abeid, brasileira que atualmente reside no Canadá, foi a única que permitiu tornar pública sua paixão pelas profecias de Nostradamus e Malaquias. Outros não quiseram se identificar. Há dez anos Monica estuda os dois profetas. Segundo ela, “Da Glória da Oliva” sugere série de interpretações que, como todas as profecias dos referidos autores, somente será confirmada após a divulgação do cardeal escolhido. “Oliva é um dos símbolos judeus. Isso pode significar que o próximo papa seja um judeu convertido ou de origem judaica. Pode também significar que ele vai continuar o trabalho de João Paulo II, de reaproximação com os irmãos mais velhos dos cristãos. Também pode estar relacionado com o povo de origem portuguesa e espanhola, o que nos leva a possibilidade de um papa português, espanhol ou sul-americano.”

Então, deu para descobrir quem será o próximo papa? Claro que não. Como a linguagem usada nos livros de Nostradamus e Malaquias é sempre confusa e sujeita a interpretação de cada leitor, a decifração só ganha ares de confirmação quando a “profecia” ocorre. Assim é fácil. Cada um entende uma coisa, abre-se um leque de opções e possibilidades e, depois do fato ocorrido, alguém se manifesta: “Não disse?”. O dicionário Novo Aurélio define: profecia é predição do futuro feita por um profeta, vaticínio, presságio. É a antevisão dos fatos. Portanto, os textos de Nostradamus e de São Malaquias, tão “devorados” pelo mundo, servem apenas para... Para quê, mesmo? Para especular.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;