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Irmãos vão descer o rio São Francisco em canoa de 1860
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
04/01/2002 | 21:56
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Inspirados no espírito de aventura do navegador brasileiro Amyr Klink, os irmãos Otávio Roberto Pereira, 49 anos, e Tarcísio Tadeu Garcia Pereira, 47, moradores do bairro Campestre, em Santo André, pretendem descer o rio São Francisco – cerca de 1,6 mil km – a bordo de uma canoa construída em 1860 em Ilhabela, litoral Norte de São Paulo. Há dez anos, a dupla presta horas de trabalho na restauração da Centenária, como foi batizada. A viagem, prevista para julho, deve durar aproximadamente 40 dias.

A aventura terá início em Cachoeira de Pirapora, em Minas Gerais, e deve cortar os Estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, até a foz do São Francisco no Atlântico. A volta ainda não foi decidida pela dupla: mar ou terra. A embarcação, de 140 anos, foi usada no transporte de banana, farinha de mandioca e cachaça, tem 9 m de comprimento e pesa 2 mil kg. Os seis remos originais deram lugar a um motor diesel de 30 HP.

Os irmãos pesquisam o rio para conhecer os obstáculos. Segundo o publicitário Tarcísio, o percurso terá três perigos reais. “A situação de navegação mais difícil, sem dúvida, será a represa de Sobradinho, que, provavelmente, oferecerá ventos de 100 km/h.” Outro cuidado será contra os mosquitos da dengue. “Pretendemos tomar medicamentos para elevar a resistência do organismo”, disse o assistente social Otávio.

Os irmãos ressaltaram o último empecilho: “Vamos atravessar o polígono da maconha entre os Estados da Bahia e Pernambuco, onde duas famílias dominam e vivem em guerra”, afirmou Tarcísio, que obteve informações junto a um estudioso do rio São Francisco, um argentino que mora em Fortaleza. “Ele próprio teve seu carro de apoio metralhado às margens do rio”, contou o publicitário. Para tanto, os andreenses pensam em investir na divulgação da aventura por meio da mídia.

O árduo trabalho de restauração da embarcação dura dez anos e 68 emendas já foram feitas desde que compraram a canoa, em 1991, por US$ 100.

Os irmãos fizeram em julho de 2001 a viagem inaugural da canoa pelo rio Tietê, com saída da cidade de Anhembi, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso, até a foz do Tietê no rio Paraná. “Levamos 18 dias, sendo nove de navegação e nove ancorados por causa das condições do tempo”, disse Otávio. Além dos dois irmãos na água, uma equipe de apoio – com dois tripulantes – acompanha as aventuras em terra.

Na última quinta-feira, Tarcísio e Otávio retiraram o casario (o abrigo dos tripulantes), na proa do barco, para facilitar a navegação. “Percebemos que perdíamos a estabilidade com ele, embora nos desse maior conforto para nos proteger do frio e da chuva”, disse o assistente social. Em dez dias, os navegadores vão testar a canoa na represa Billings.




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