Economia Titulo Crise
Produção de veículos deve encolher 5,5%

Para que fabricantes atinjam projeção da Anfavea, precisam produzir 50 mil unidades a mais por mês

Vinícius Claro
Especial para o Diário
07/09/2016 | 07:28
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Ricardo Trida/DGABC


A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgou ontem os dados sobre o desempenho da indústria automobilística brasileira no mês de agosto. A produção de veículos foi de 177,7 mil unidades, representando queda de 6,4% em relação a julho. No acumulado do ano, a redução é de 20,1% em relação a 2015.

Apesar dos números negativos, porém, a Anfavea mantém perspectiva de queda de 5,5% na produção de veículos. No início do ano, a expectativa era de crescimento de 0,5%.

Para atingir essa projeção, teriam de ser produzidos 2,295 milhões de veículos. Até agosto, no entanto, foram montados 1,383 milhão, média mensal de 172,8 mil. Portanto, 913 mil unidades precisam sair das fábricas nos próximos quatro meses, ou 228,2 mil por mês.

O presidente da Anfavea, Antonio Megale, atribuiu a queda mensal a uma das montadoras associadas, que teve problemas com autopeças, e deixou de produzir entre 20 e 30 mil unidades. Trata-se, provavelmente, da Volkswagen, envolvida em imbróglio nos últimos meses com a Keiper, fabricante de bancos de Mauá, que resultou em ação judicial e retirada de ferramental da empresa. Diante da falta dos itens, a Volks, que já tinha deixado seus operários em casa desde 25 de julho, em 15 de agosto iniciou férias coletivas de 20 dias.

Megale destacou esse problema como principal impacto para a queda no volume fabricado. “Se não houvesse a quebra de produção de uma de nossas empresas, a gente teria superado os 200 mil veículos, talvez chegado perto de 210 mil unidades. Sabemos que é um desafio, mas ainda mantemos nossa projeção.”

Agosto foi o décimo mês seguido em que a produção nacional não atingiu a casa dos 200 mil. A última vez foi em outubro de 2015 (205,1 mil). A redução no volume fabricado impactou o estoque, caindo de 36 para 34 dias.

O emprego recuou pelo segundo mês seguido, somando 125.980 funcionários nas montadoras, 885 a menos que julho – entre eles os que aderiram aos PDVs (Programas de Demissão Voluntária) da Mercedes-Benz (420 até dia 30; o plano, no entanto se encerra hoje) e da Volkswagen, cujo número não foi divulgado. Trata-se do pior nível de emprego para agosto desde 2009, quando as fabricantes empregavam 120,5 mil trabalhadores.

PESADOS - Ônibus e caminhões têm quedas acentuadas na produção, de 27,2% e 22,3%, respectivamente, de janeiro a agosto, frente a igual período em 2015. Quanto ao licenciamento, as retrações são ainda maiores no acumulado do ano, de 30,7% para ônibus e 30,1% para caminhões. “Precisamos de investimento em infraestrutura, não para o setor de pesados, mas para o País. Mas a taxa de juros está alta devido à inflação, o que afugenta aportes. Com reformas na economia, caminhões e ônibus vão pegar carona nesse desenvolvimento”, disse o vice-presidente da Anfavea Luiz Carlos Moraes. 




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