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Votos afegãos começam a ser levados para centros de apuração
Da AFP
10/10/2004 | 19:07
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Os votos das primeiras eleições presidenciais afegãs começaram a ser transportados para os centros de apuração neste domingo. Após terem pedido uma investigação independente por causa das denúncias de fraude, os observadores locais consideraram que a votação foi "bastante democrática". A apuração dos votos começará nesta segunda-feira e deve durar de duas a três semanas.

Neste domingo, a comissão afegã de direitos humanos pediu a implementação de mecanismos para estudar as denúncias e a realização de uma investigação justa e completa. No sábado, 14 candidatos alegaram que a tinta usada para marcar os dedos dos eleitores que já haviam votado é muito fácil de ser removida – fato que permitiria a um mesmo eleitor votar várias vezes.

Após as denúncias, três dos 14 candidatos de oposição declararam que estariam eventualmente dispostos a aceitar as conclusões de uma comissão de investigação independente. "A comissão eleitoral fracassou na implementação de um procedimento eficaz de administração das denúncias e pede à comissão eleitoral, a missão de assistência das Nações Unidas e a comunidade internacional que implementem mecanismos apropriados e transparentes para estudar as denúncias", afirmou a comissão de direitos humanos em um comunicado.

Vários observadores e alguns candidatos questionaram, no entanto, a utilidade de confiar este tipo de investigação à comissão encarregada de organizar as eleições colocadas em dúvida.

Enquanto isso, em todo o país, helicópteros, carroças e carros começavam a transportar o precioso material eleitoral para os centros de apuração. O ministério de Defesa afegão anunciou, neste domingo, que essa operação, considerada complicada, já custou a vida de três policiais e um miliciano pró-governamental que escoltavam um comboio.

Democratização - Em Cabul, o principal grupo de observadores do processo, a Fundação Afegã para Eleições Livres e Justas, considerou que as eleições foram realizadas "em um ambiente bastante democrático". Esta organização, a única com observadores em todas as províncias, destacou uma série de violações à lei eleitoral, mas não recebeu informações sobre verdadeiras "intimidações" contra eleitores, anunciou seu presidente Said Niazi.

Segundo ele, os partidários de alguns candidatos fizeram campanha abertamente em algumas mesas de votação e em outros casos os funcionários eleitorais induziram os eleitores a votar em algum postulante. Por sua parte, o atual presidente, Hamid Kazai, disse estar "decepcionado" com os problemas relativos às eleições e "penalizado" com as declarações de seus opositores. "Essa foi a eleição do povo afegão. Foi a primeira vez em nossa história, e depois de tanto sofrimento, que milhões de afegãos foram às urnas", afirmou Karzai.

Karzai também rejeitou categoricamente qualquer negociação com seus opositores para a formação de um futuro governo caso seja eleito. "Não haverá negociação", afirmou Karzai, sem ocultar seu aborrecimento. "Se for eleito, não haverá negociações de comerciantes de tapetes", reiterou, em duas ocasiões. "Essa época chegou a seu fim no Afeganistão. O povo afegão se manifestou aos milhões para pôr fim a isso", acrescentou.

O presidente interino afegão, Hamid Karzai, considerou que as eleições presidenciais afegãs representam "uma derrota do terrorismo", visto que a segurança da consulta foi "garantida pela participação do povo afegão". Além disso, Karzai desaprovou o pedido de 14 dos 18 candidatos para que estas eleições sejam anuladas.

Os afegãos participaram em massa das primeiras eleições presidenciais da história do país, que não foram perturbadas por nenhum ato violento importante.




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