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Às margens do sagrado Ganges
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
29/01/2009 | 07:00
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Divulgação


Para místicos e estudiosos de práticas orientais como ioga, medicina ayurvédica, reiki e meditação, não há destino mais sonhado do que a Índia. Afinal, o país é berço de mestres e fundadores de várias religiões que até hoje despertam a curiosidade e conquistam seguidores no Ocidente, como Vardhamãna Jnatriputra Mahãvira (540-468 a.C.), fundador do jainismo; Krishna (que teria existido por volta de 3.500 a.C.); e Buda (563-483 a.C), que percorreu o país depois de meditar e atingir o nirvana (estado de graça). Para os indianos, aliás, tanto Buda quanto Krishna seriam encarnações de Vishnu, um dos três deuses mais importantes da religião hindu, ao lado de Brahma e Shiva.

 Somam-se à maioria hinduísta cristãos, islâmicos, sikhs, judeus e até zoroastristas. E para compreender como toda essa gente convive em paz, não basta visitar o Taj Mahal ou a capital Nova Délhi. É preciso visitar os vilarejos do Rajastão, os monastérios erguidos nos vales do Himalaia - a ‘morada dos deuses', em sânscrito - e assistir a um ritual de purificação às margens do Rio Ganges em Varanasi.

 Há peregrinos que percorrem centenas de quilômetros para ter a chance de elevar seus karmas com um mergulho no Ganges. "Varanasi é o local onde as pessoas têm mais reações. Há turistas que choram, que dizem ser o local mais emocionante da Índia, e há outros que ficam horrorizados e preferem se trancar no hotel até o dia da partida. A morte mexe com as pessoas e Varanasi é a cidade da morte, porque a crença deles diz que se você for cremado e suas cinzas forem jogadas no Ganges, você terá o perdão de todos os pecados da vida", explica o especialista Dedé Ramos, proprietário da Latitudes, que realiza passeios de barco a remo pelo rio até o Dasaswamedh Ghat, ponto onde centenas de fiéis se purificam durante o nascer e o pôr do sol.

PUSHKAR - Outro lugar sagrado é Pushkar. Lá a maioria dos frequentadores pertence à alta casta dos brâmanes, formada apenas por filósofos, educadores e sacerdotes. O motivo para a concentração da elite social indiana reside no lago que circunda a vila em meio à aridez do deserto de Thar.

 Diz a lenda que o deus Brahma teria deixado cair uma flor de lótus no meio da imensidão de areia e determinado que todos aqueles que se banhassem no lago durante os quatro dias da primeira lua cheia de novembro teriam vaga garantida no céu. Resultado: todos os dias, ao raiar do sol, as escadarias de mármore à margem do lago ficam lotadas de devotos, cujas preces ecoam por toda a vila com o auxílio de alto-falantes.

 E a religiosidade não se restringe aos templos. Ela se revela no modo de vida da população e ao longo das ruas, onde camelos, macacos, pavões, cobras, lagartos e vacas transitam tranquilamente, como que já acostumados ao título de animais sagrados.

 Os macacos, aliás, parecem fazer questão de abusar da honraria: pulam por toda a parte e, não raras vezes, invadem quartos de hotel para roubar comida.

 Peixes também não podem ser pescados. Por isso, esqueça a chance de ingerir proteína animal em Pushkar. E não se iluda se topar com uma filial do Mc Donald's. Não, não é miragem. Mas na Índia a rede de fast food só serve hambúrgueres vegetarianos. Jogos, álcool e ovos também são proibidos em Pushkar. Em compensação, os restaurantes vegetarianos não deixam nada a dever para um bom churrasco.




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