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MST impede que deputados entrem em assentamento
Do Diário do Grande ABC
04/02/2000 | 18:22
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Cerca de 300 sem-terra, ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), armados com foices, facoes e enxadas impediram quinta-feira (03) a entrada de deputados estaduais da CPI do Incra, no assentamento Beira-Rio, em Boa Vista do Tupim, a 300 quilômetros de Salvador. Os sete parlamentares (a maioria do PFL) estavam acompanhados por 15 policiais militares armados com revólveres e cassetetes, mas desistiram de entrar para evitar um conflito.

A comissao tentou atravessar o Rio Paraguaçu para chegar ao assentamento, mas os sem-terra retiveram a balsa na margem oposta. A outra entrada, a 15 quilômetros do sistema de balsa, estava bloqueada por um trator, um caminhao e uma barreira humana organizada pelo MST, comandada por Valmir Assunçao um dos coordenadores do movimento na Bahia. Com um megafone, Assunçao pedia aos trabalhadores que falassem palavras de ordem e agitassem as ferramentas. Ele avisou aos parlamentares que haveria reaçao, "em legítima defesa", caso eles tentassem entrar no assentamento. Alegou que o local é área federal e somente com um mandado judicial permitiriam o acesso.

O presidente da CPI, deputado José Carlos Araújo (PFL), vice-líder do governo, disse que discutirá o problema com a procuradoria jurídica da Assembléia Legislativa para garantir o acesso dos parlamentares ao assentamento. Os deputados querem apurar as denúncias feitas por uma equipe da TV Bahia (da família do senador Antonio Carlos Magalhaes - PFL/BA) de desvio de recursos liberados pelo Instituto de Colonizaçao e Reforma Agrária (Incra) para o Beira Rio e a prefeitura de Boa Vista do Tupim. Apenas 270 casas teriam sido construídas no local, com os R$ 830 mil liberados pelo Incra, que dariam para erguer 400 casas.

Por causa das denúncias, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, afastou o superintendente regional do Incra, Francisco Clesson, nomeando o interventor Gersino José da Silva, que tem 30 dias para apurar os fatos. A açao do PFL é para atingir, politicamente, o deputado estadual Marcelo Nilo (PSDB) ligado ao prefeito de Boa Vista do Tupim. É que, no final do ano passado, Nilo foi o parlamentar da oposiçao que mais apoiou a investigaçao do caso do desembargador Lourival Ferreira, que revelou ter sido pressionado por dois colegas e o deputado Pedro Alcântara (PFL), líder do governo na Assembléia Legislativa, para libertar o assaltante Vander Dornelles.

Nilo comunicou o fato à CPI do Narcotráfico e requisitou a criaçao de uma CPI estadual para investigar a denúncia. No entanto, o PFL baiano conseguiu barrar a investigaçao do caso do desembargador e contra-atacou criando novo fato político, com a CPI do Incra.




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