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Metalúrgicos injetam R$ 150 milhões na região do ABC
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
21/09/2010 | 07:43
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Cerca de R$ 150 milhões serão injetados na economia do Grande ABC entre setembro e outubro. O montante corresponde aos abonos e reajustes salariais que os metalúrgicos da FEM-CUT/SP (Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT de São Paulo) e GM (General Motors), de São Caetano, conquistaram na campanha salarial deste ano.

Apenas os abonos de R$ 2.200, concedidos a todos os funcionários das montadoras da região (Ford, Scania, Mercedes-Benz, Volkswagen - incluindo a GM) somam R$ 95 milhões. O ônus salarial será pago integralmente em 20 de outubro, sendo que os trabalhadores da General Motors receberam na última sexta-feira.

O restante é proveniente dos abonos para os funcionários que ganham acima do teto e aumentos salariais conquistados pela classe trabalhista das montadoras da região, além dos reajustes dos demais setores.

"Não fosse nossa conquista, esse dinheiro estaria parado, rendendo para os bancos e agora vai para o bolso dos metalúrgicos, que vão consumir mais e movimentar a economia brasileira, gerando, com isso, mais empregos e desenvolvimento", afirma Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ao justificar porque o aumento dessa categoria acaba refletindo e influenciando as demais.

No ano, os reajustes e abonos concedidos aos metalúrgicos das montadoras, instaladas em São Bernardo (Ford, Scania, Mercedes-Benz, Volkswagen) injetará cerca de R$ 232 milhões no Grande ABC.

ESTADO
Os reajustes e abonos salariais irão acrescentar R$ 837,4 milhões na economia do Estado de São Paulo ao longo dos próximos 12 meses e se refere a todos os 250 mil trabalhadores da base da FEM-CUT/SP. Os dados fazem parte do estudo da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Dos 250 mil operários, 101,4 mil são da base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - 32 mil apenas nas indústrias automobilísticas.

Segundo o economista Sérgio Gramscianinov, da FGV Strong/Esags, de Santo André, geralmente, esse dinheiro é utilizado para compra de itens eletroeletrônicos, seguido por produtos alimentícios e setor de serviços. "O comércio será o primeiro setor beneficiado. Isso é histórico. As pessoas passam a comprar bens de valor, itens portáteis - como computadores, celulares, geladeiras -, comer melhor e ainda contratam serviços como TV paga e internet."

Para o especialista, alguns trabalhadores ainda utilizarão o abono e ou a parcela proveniente do reajuste para quitar dívidas. "Poucas pessoas pensarão em poupar ou investir esse dinheiro. O brasileiro tem por costume gastar a verba extra que chega às suas mãos."

 
Operários fecham acordos históricos

Os primeiros metalúrgicos de montadoras que fecharam negociação salarial deste ano, na região, foram os da GM (General Motors), de São Caetano.

Os 11 mil trabalhadores aprovaram, no início da semana passada, por unanimidade, reajuste salarial de 9%. Além do aumento, os operários receberam abono, de parcela única, no valor de R$ 2.200.

Com o reajuste, o piso salarial passou de R$ 1.305,50 para R$ 1.423; e o teto salarial de R$ 7.000 para R$ 7.630. Sendo que, para os funcionários que recebem acima desse valor, será pago ainda um fixo de R$ 686 - incorporado ao salário mensal desde 1º de setembro.

Somando o aumento salarial com o abono, neste mês, os funcionários terão reajuste total de 13%, contabiliza o terceiro secretário do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Cícero Marques da Costa.

Anteontem, foi a vez dos 32 mil trabalhadores das montadoras de São Bernardo (Ford, Scania, Mercedes-Benz e Volkswagen) conquistarem aumento salarial de 10,8% - um dos maiores índices da história - 9% da data-base mais 1,66% de correção da tabela salarial -, além do abono de R$ 2.200, paga integralmente no dia 20 de outubro.

A base é do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - vinculado à Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT de São Paulo).

Com a decisão, o piso salarial da categoria passa a ser de R$ 1.393, com teto de R$ 7.630. Aqueles que recebem a mais terão direito a bônus fixo mensal de R$ 687.

Também terão a mesma composição de aumento salarial (índices e também abono) os metalúrgicos de Taubaté, São Carlos (CGTB-Volks) e Tatuí (Força-Ford) que são representados pela FEM-CUT na mesa de negociação. (Tauana Marin)


Estamparia e G10 ainda estão em negociação

Na base da FEM-CUT/SP, os únicos setores patronais que ainda não fecharam acordos são o de estamparia (representado pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Estamparia de Metais Siniem ex-G10) e o Grupo 10 (lâmpadas, equipamentos odontológicos, iluminação, material bélico entre outros).

No dia 17, a federação iniciou negociação a campanha salarial com o Siniem (Sindicato Nacional das Indústrias de Estamparia de Metais).

O presidente da entidade, Valmir Marques, o Biro Biro, acredita que a negociação com este setor possa ser concluída na próxima rodada, agendada para quinta-feira, às 11h, na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Com relação aos demais setores patronais que compõem o Grupo 10 o impasse continua.

A bancada ainda não apresentou contraproposta salarial e os sindicatos metalúrgicos filiados já aprovaram em assembleias a paralisação nas fábricas. Na última negociação, a bancada patronal do grupo apresentou proposta de 5% de aumento salarial - reprovada pelos dirigentes da FEM-CUT. Estão em campanha cerca de 5.000 metalúrgicos nesse setor da base da federação em todo o Estado.

 




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