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São Paulo tem 'fartura dramatúrgica' nesta semana
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
24/06/2002 | 18:56
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Quatro estréias de teatro no mesmo dia. Não é comum, mesmo em uma cidade como São Paulo. Uma curiosidade: todos as montagens têm elenco pequeno. Na próxima quinta-feira (dia 27) entram em cartaz Christiane Torloni e Murilo Rosa (Blue Room), Paulo Barcellos (Em Alguma Margem, no Rio), Valdir Rivaben, Gisele Valeri e Janaína Peresan (Frankenstein) e Bel Kutner, Ana Prado e Josefina Cerqueira (Mozart e Salieri – A Inveja).

José Possi Neto, que tem no currículo trabalhos diversos como a peça O Evangelho Segundo Jesus Cristo e a ópera O Guarani, dirige Blue Room, de David Hare, que estréia no Tuca (tel.: 3670-8453). Christiane Torloni e Murilo Rosa materializam, em dez cenas curtas, variadas fantasias sexuais. A montagem é oportuna nestes tempos em que o voyerismo declarado – e enviesado – de Big Brother Brasil e Casa dos Artistas alcançam surpreendentes índices de audiência. Hare escreveu o texto especialmente para que dois atores façam todos os personagens.

Em Alguma Margem, no Rio entra em cartaz no Teatro Ágora (tel.: 3284-0290) sob a direção de Jairo Mattos. O monólogo de Viviane Dias é inspirado no universo poético de João Guimarães Rosa, autor de obras como o livro Grande Sertão: Veredas e os contos A Terceira Margem do Rio, O Burrinho Pedrês e Sarapalha. O texto evoca elementos essenciais da condição humana, como alegria, amor, medo, morte e ódio. Paulo Barcellos interpreta um homem que está em uma canoa presa a um tronco de árvore no meio de um rio. Enquanto procura se livrar da incômoda situação, revisa o passado e passa a dar menos valor para pequenos dramas pessoais.

Frankenstein leva a chancela do Grupo Folias d’Arte, o que é garantia de espetáculo, dramático ou cômico, preocupado em transformar questões contemporâneas em arte. A peça, escrita e dirigida por Reinaldo Maia, estréia no Galpão do Folias (tel.: 3361-2223). Por meio dessa adaptação da conhecida história de Mary Shelley, Maia questiona aberrações que o desenvolvimento científico-tecnológico provoca. Maia aponta o indicador para a falta de ética evidente neste início de milênio e traça paralelos entre o consumismo exagerado de uma parcela da sociedade e a ciência que desencadeia processos alienantes e totalitários.

O Centro Cultural Banco do Brasil (tel.: 3113-3651) recebe Mozart e Salieri – A Inveja. O texto é de Aleksandr Puchkin, um dos fundadores da literatura russa moderna. Apoiado no trabalho dramatúrgico de Elói Calage, o diretor Afonnso Drummond procura salientar não apenas a inveja, mas assuntos como amizade, lealdade e sucesso. O suposto envolvimento do compositor Antonio Salieri (Ana Prado) na morte do gênio musical Wolfgang Amadeus Mozart (Bel Kutner) é o ponto de partida de uma discussão que combina ficção com fatos históricos. Além de executar a maior parte da trilha sonora ao vivo, a instrumentista Josefina Cerqueira interpreta alguns personagens. J.C. Serroni assina cenário e figurinos, estes ao lado de Telumi Helen.




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