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Reali volta a atrasar pagamento de combustível
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
05/03/2010 | 07:42
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Nario Barbosa/DGABC


Pela primeira vez neste ano, a Prefeitura de Diadema teve problemas de abastecimento da frota própria e terceirizada (Transkomby) por falta de pagamento. Serviços essenciais foram suspensos, como o transporte diário de crianças e adolescentes da Educação Especial, e de pacientes da rede municipal de Saúde para atendimento em São Paulo.

Em 2009, a cena se repetiu pelo menos três vezes, conforme o Diário registrou. Na época, a justificativa da administração Mário Reali (PT) para o atraso no pagamento de fornecedores - de pelo menos cinco meses - era por conta dos sequestros judiciais oriundos de precatórios (dívidas judiciais).

Por nota, a Prefeitura informou ontem que "o fornecimento de combustível foi normalizado. Os serviços prestados pela administração estão em funcionamento e atendendo às demandas previstas".

A interrupção no fornecimento de combustível começou no fim da tarde do dia 26 e permaneceu até anteontem à tarde, quando houve liberação para abastecimento.

Mães de crianças especiais ouvidas pela reportagem confirmaram a recorrência do problema (leia mais abaixo). Na terça-feira, entre 18h30 e 19h, os familiares receberam telefonemas do setor responsável pelo transporte da Educação Especial.

"A Vanessa (da Secretaria de Educação) disse que estava faltando gasolina e a perua não passaria no dia seguinte. E também que não havia previsão de volta", contou Priscila de Moura, irmã de Carla, 16 anos, que tem paralisia cerebral e estuda pela manhã no Lar Escola Jesuê Frantz, entidade que mantém convênio com a Secretaria de Educação para prestação do serviço de Educação Especial.

O mesmo drama foi relatado pela doméstica Elizalma Araújo Silva, mãe de Suellen, 13 anos, que também tem paralisia cerebral. A adolescente só se locomove em cadeira de rodas. "Como sempre, o problema é a falta de combustível", afirmou. O transporte diário da Educação Especial é feito pela Transkomby, empresa de locação de veículos contratada pela Prefeitura.

Questionado ontem sobre a paralisação da frota por falta de combustível, o responsável pelo setor da Transkomby em Diadema, Leonildo Mariano, negou. "Nenhum carro parou. O serviço transcorreu normalmente. E todas as crianças da Educação Especial foram atendidas", garantiu.

Mãe pega três conduções para ir à entidade

Sem veículo da Saúde de Diadema para chegar à consulta na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) anteontem, em São Paulo, Josilene de Lima, 26 anos, enfrentou três conduções com o filho Gustavo, 4 anos e 22 quilos, que possui hidroanecefalia - má formação do cérebro e acúmulo de líquido na região. Detalhe: carregando a criança que não anda, não fala e não possui movimentos.

"Liguei na terça-feira para a Saúde, mas eles disseram que não teria transporte por falta de combustível. O jeito foi ir de trólebus, metrô e ônibus. A cadeira do Gustavo está sendo arrumada", relatou Josilene.

O filho também utiliza o transporte diário da terceirizada Transkomby para o Lar Escola Jesuê Frantz. "Hoje (ontem), o motorista não passou em casa", afirmou Josilene.

Sem cadeira especial na van, Josilene leva o filho no colo para a escola. E foi em uma dessas idas e vindas que Josilene se deparou com baratas no interior do veículo. Também acusou constantes picadas de pulgas.

A denúncia de Josilene é com base no transporte de fins de semana que os mesmos veículos da Educação Especial fazem para o Zoo Safári, onde a Transkomby mantém contrato com a Fundação Zoológico para tours no parque.

"A comida é derrubada pelos turistas dentro das vans no Simba Safári (hoje Zoo Safári). Na segunda-feira. os mesmos carros transportam nossos filhos. Eu fui averiguar isso em um fim de semana de 2009 e constatei. Tirei, inclusive, fotos de dois carros para provar", apontou. O Diário flagrou em novembro a jornada dupla das vans da Prefeitura no Zoo Safári.




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