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Sánchez de Lozada é o primeiro presidente a ser julgado na Bolívia
Da AFP
14/10/2004 | 21:21
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O ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada será o primeiro presidente civil eleito a responder por seus atos em julgamento de responsabilidades na Bolívia, após a autorização decretada na madrugada desta quinta-feira pelo Congresso.

O ex-presidente está morando há um ano nos Estados Unidos, onde passou a maior parte de seus 74 anos. Sánchez de Lozada é acusado por organizações civis e pelo MAS (Movimento ao Socialismo), segunda força no Congresso, por crimes de genocídio, durante uma rebelião popular em outubro de 2003, que deixou entre 56 e 80 mortos, além de meio milhão de feridos, nas mãos de militares e policiais.

Além disso, responderá por danos econômicos ao Estado durante seus dois mandatos, o primeiro entre 1993 e 1997, período em que privatizou a maior parte das empresas públicas, e o segundo de agosto de 2002 a outubro do ano seguinte, quando foi deposto por revoltas sociais.

O julgamento do ex-presidente foi autorizado por 126 votos a 13 em "uma histórica" sessão, com 25 dos 47 legisladores de seu partido, o liberal MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário), autorizando a abertura dos processos.

O MAS, do líder dos produtores de coca Evo Morales, radical opositor do deposto presidente, votou abertamente pelo julgamento do adversário liberal.

Sánchez de Lozada será julgado com 15 ministros de seu último gabinete, entre eles Carlos Sánchez Berzaín e Yerko Kukoc, particularmente acusados pelo massacre de civis durante a rebelião popular de outubro do ano passado.

A autorização do Congresso para o julgamento de Sánchez de Lozada, um visitante a mais nos Estados Unidos, de acordo com o embaixador desse país David Greenlee, citado pela imprensa local, dirigiu-se a essa nação andina em meio a muitos pedidos para extraditá-lo.

Segundo o ex-presidente Paz Zamora, Sánchez de Lozada, querido e odiado como "Goni" o "gringo", tem dupla nacionalidade boliviano-americana.

Antes dele, o ex-ditador Luis García Mesa (1980-81) foi condenado a 30 anos de prisão, sem direito à anistia, após um julgamento que durou sete anos na Suprema Corte, de 1986 a 1993.

Processo similar passou pelo Congresso quando seu colega Hugo Banzer (1971-78) foi acusado de violação dos direitos humanos e prejuízos econômicos ao Estado. O processo para a autorização no Congresso do julgamento de Banzer, mais tarde democrata e presidente eleito nas urnas em 1997, foi interrompido por um sangrento golpe militar em julho de 1980, dirigido por García Mesa.

Parlamentares do Movimento da Esquerda Revolucionária, do ex-presidente social democrata Jaime Paz e da Nova Força Republicana, de direita, ambos aliados de Sánchez de Lozada, votaram a favor do julgamento.




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