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Lojas de rua esperam Natal 'gordo'
Denise Moraes*
20/12/2009 | 07:15
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Os lojistas da Rua Marechal Deodoro, no Centro de São Bernardo, estão esperando crescimento de cerca de 30% nas vendas de Natal de 2009 em relação ao ano passado. No entanto, o movimento ainda não aumentou para o período como nos anos anteriores. "Este ano está muito parado. Já caiu uns 60% em relação a novembro de 2008", disse Suely Macedo, 49, gerente da Modas Meu Mel.

Alguns dos comerciantes, no entanto, mantêm firmes as esperanças. É o caso de Roberto Matias, 32, gerente da loja Mais Valdir, que aposta no aumento das vendas nos próximos dias. Ele espera que, a partir do dia 20, tenha um aumento no faturamento.

A diminuição das vendas, segundo os lojistas, se deve à grande concorrência. O que mais se vê na Marechal são lojas de bijuterias, decoração de Natal, brinquedos e equipamentos de informática.

A tática para driblar as várias opções é apostar na decoração para atrair a atenção do consumidor. Na Ribeiro Utilidades, a aparencia interior melhora de acordo com as expectativas de venda. Quando o ano promete ser bom, a imagem fica mais caprichada. Foi isso que a loja fez neste ano, segundo o gerente Edson Damata, 23 anos.

Na Joanna Presentes, a aparência é parte fundamental da loja, pois eles vendem decoração para outras lojas e empresas. "O que a gente coloca na loja já fica de modelo para os consumidores", explicou o gerente Alexandre Leanõ, 32 anos.

A loja tem outra forma de conquistar o cliente. Em novembro, eles remarcam os produtos que sobraram do Natal do ano passado. Os preços ficam mais baixos do que nas outras lojas e os consumidores passam a comprar lá.

A tecnologia também evoluiu neste Natal. As novidades na Joanna Presentes são árvores de fibra ótica de até dois metros e meio de altura e um Papai Noel de dois metros que conversa com as crianças.

O gerente Alexandre Leanõ contou que, no ano passado, a árvore de fibra ótica já existia, mas que eles só compraram dois modelos. Para 2009, a loja apostou na novidade e comprou 12 exemplares de tamanhos e preços diferentes. O valor é salgado: a árvore de 1,20 metro custa cerca de R$ 250.

Com ou sem aumento do movimento, os lojistas já fizeram as contratações temporárias. Em média, as lojas contratam cerca de quatro novos empregados. A Mais Valdir é a que fará o maior número de contratações, por conta do tamanho da loja. Foram 12 pessoas desde o dia 1º de dezembro.

Edson Damata contou que a Ribeiro Utilidades aproveita a época natalina para fazer uma reciclagem no quadro de funcionários. Eles contratam algumas pessoas e, depois que as festividades passam, efetivam as melhores.

Às vezes, os novos funcionários servem não apenas para vender, mas também para vigiar. Na Joanna Presentes serão quatro contratados para ajudar nas vendas e também para cuidar dos produtos que ficam nos corredores da loja. "O fluxo de pessoas é muito grande e aqui é uma loja de pequenos produtos, acontecem muitos furtos", explicou o gerente Alexandre Leanõ.

QUEM COMPRA - Enquanto os lojistas esperam o aumento das vendas, do outro lado, os consumidores não pretendem ou não podem gastar tanto quanto no ano passado.

Maria Aparecida Diniz Martins, 51, é um exemplo. No ano passado, ela comprou presentes para o filho, mas neste ano a situação mudou. "Tenho muitas contas para pagar, acho que vai dar para comprar só uma lembrancinha". Para a autônoma, ano passado a situação estava melhor.

Para alguns, nem a lembrancinha vai chegar em casa neste Natal. Felipe Costa Rodrigues, 19, está desempregado e, por isso, não vai comprar nada para os pais, como em 2008, quando comprou roupas para eles. "Ano passado eu estava empregado, por isso consegui comprar presentes para os meus pais."

Marilene Aparecida Dai, 45, parece ser uma exceção entre os consumidores da Marechal Deodoro. Ela calcula gastar mais ou menos R$ 800 em presentes para o filho, o marido e para ela mesma.

Ela já planejou: vai comprar uma parte em dinheiro e outra com o cartão de crédito. "É bem melhor poder dividir as contas".

Lembrancinhas são opção de presente

Adriana Feder*

Entre os ambulantes da Marechal Deodoro, o clima é de otimismo. Em um cenário em que sobra pouco dinheiro no fim do ano, muitas vezes a opção é presentear com uma lembrancinha. É aí que as barracas de colares, brincos, panos de prato, carteiras, meias, cintos e outros pequenos objetos ganham espaço.

Para Laurêncio Francisco Santos, 58 anos, que há 20 tem uma barraca em frente à Praça da Matriz, o forte de vendas é o guarda-chuva, muito útil agora no fim do ano por causa do clima chuvoso.

Ele diz que as vendas já aumentaram 10%, e acredita que ainda vai atingir 50% até o fim do ano. Para Santos, as pessoas neste ano estão gastando mais.

José Marcos da Silva, 33, ambulante há dois anos na Praça Lauro Gomes, disse que as vendas estão melhores do que no ano passado, já que a expectativa de renda das pessoas está crescendo com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e com o fechamento dos bingos. "Quando um bingo fecha, o dinheiro circula. O dinheiro que era investido no bingo vai para o comércio", explicou.

O ambulante já teve 40% a mais de lucro e espera chegar aos 70% em dezembro. "As pessoas ainda não estão tanto no pique de gastar porque não receberam tudo. A partir do dia 30 deve deslanchar." Na barraca dele, correntes e alianças são os produtos mais vendidos.

Já para Maria Barbosa, 59 anos, que trabalha há 13 como ambulante, o movimento está fraco. Nesta época do ano, ela vende panos de prato bordados com figuras de Natal. Hoje em dia produtos de Natal não vendem mais como antigamente. "Não sei por que, são bonitos, dão um ar diferente."

Os consumidores esperam para saber quanto vão poder gastar. Iolete Carlos, 52, é um exemplo disso. Ela ainda não comprou os presentes de Natal, mas pretende retornar ao Centro de São Bernardo para comprar roupas, calçados e brinquedos para mãe, filho, sobrinho e afilhada. A costureira disse que neste ano não vai ser possível caprichar no presente. Ela acha que os preços subiram, ao contrário das condições financeiras.

Alcione Azevedo, 52, está na mesma situação. A professora foi até a Feira Lauro Gomes procurar uma sandália, e aproveitou para conferir os preços de Natal. Ainda vai olhar os preços dos produtos na Rua 25 de Março, em São Paulo, antes de comprar.

A dona de casa Neide Ramos, 41, não vai poder comprar o presente do filho. Eles costumam trocar presentes de Natal. Ela não tem dinheiro e está desempregada.

*Conteúdo editorial desta página é de responsabilidade da Universidade Metodista deSão Paulo, com supervisão editorial da jornalista Margare-teVieira Pedro.




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