Economia Titulo Produção
Atividade industrial cai pelo 5º mês

Um dos motivos que contribuiu para a retração, de acordo
com a Fiesp, é crescente entrada de produtos importados

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
29/02/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


A indústria paulista volta a acender o sinal amarelo de preocupação. Em janeiro, pelo quinto mês seguido, a atividade industrial apresentou retração. Já descontados os efeitos sazonais, a queda foi de 0,8% frente a dezembro, de acordo com dados de estudo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Na comparação com janeiro de 2011, a produção das fábricas está 5% menor.

Diversos indicadores, como vendas e horas trabalhadas, apontaram redução. Segundo o diretor titular da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Hitoshi Yodo, os números refletem, em parte, processo de desindustrialização, por causa de desvantagens competitivas do País, que colaboram para enxurrada de produtos importados. "E com a restrição à circulação de caminhões (CF51medida que o Consórcio Intermunicipal planeja adotar em vias urbanas em horário comercial, no Grande ABC), quem já importa terá mais um motivo para deixar de produzir aqui", afirma.

Por sua vez, o diretor do Depecon (Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos) da Fiesp, Paulo Francini, avalia que a indústria continua fragilizada pela valorização cambial. O câmbio, que chegou a R$ 1,80 nos primeiros dias do ano, agora gira em R$ 1,70.

SETORES -  Entre os segmentos que foram destaque negativo na pesquisa estão os veículos automotores, que anotaram baixa de 5,7%. Francini pondera que a forte retração é influenciada pelas paradas para férias coletivas nas montadoras no mês passado.

Outro setor, o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, também teve queda expressiva (de 5,6%). Nesse caso, o diretor avalia que isso ocorreu, principalmente, pelo forte crescimento das importações. O percentual de consumo de itens trazidos do Exterior, nesse segmento, chegou a 38,4% no fim de 2011.

O cenário das empresas paulistas espelha a situação mundial, que é de retração, observa o diretor adjunto da regional do Ciesp de São Caetano, William Pesinato.

 

Entidade se mobiliza para fim de incentivo a importadores

 

O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, esteve ontem em Brasília para pedir ao Senado a aprovação da resolução 72, que tem como foco acabar com a diminuição de alíquota interestadual de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no Estado de desembarque da mercadoria vinda do Exterior. A prática, adotada por 12 governos estaduais (entre os quais Espírito Santo e Santa Catarina) tem fomentado o ingresso excessivo de importações, via portos. Estudo da Fiesp estima que a medida, considerada inconstitucional, cortou a abertura de 771 mil empregos diretos e indiretos no País desde 2010.

O movimento contra a chamada guerra dos portos tem a participação também da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da Força Sindical. Os integrantes da mobilização argumentam que o agravamento da perda de competitividade das empresas brasileiras pela redução do ICMS a produtos importados ocorre em plena crise internacional, que por si só acirra a concorrência.

Pela resolução, uma alíquota de 4% passaria a ser cobrada no Estado de origem. A Fiesp defende a aplicação desse percentual na origem tanto para os produtos importados quanto para os nacionais.

SENADO - O Senado pretende fazer esforço para votar em março a proposta. Em reunião com a presença de dirigentes de entidades patronais e trabalhadores, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu aos líderes dos partidos presentes no encontro que se esforcem para colocar a matéria em votação o quanto antes. "Vamos antecipar a votação, desde que as lideranças aceitem estabelecer urgência urgentíssima em torno dessa matéria." Por esse regime de tramitação, a matéria tem que ser aprovada em até 45 dias, sob pena de trancar a pauta de votações do plenário. Os líderes do PMDB, do PTB e do PSDB, Renan Calheiros (AL), Gim Argello (DF) e Alvaro Dias (PR), comprometeram-se a mobilizar suas bancadas para votar a proposta.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;