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Muçulmanos aguardam mudança da Lua para iniciar Ramadan
Do Diário do Grande ABC
07/12/1999 | 15:33
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O mês do Ramadan, o período mais intenso do ano para os muçulmanos do mundo inteiro, começará quarta ou quinta-feira, segundo o aparecimento da lua em quarto crescente, esperado pelos ulemás e fiéis.

Como acontece todo ano, o início do mês de jejum e de oraçoes, que comemora a revelaçao do Corao ao profeta Maomé, nao é o mesmo para todos, o que reflete as divisoes do mundo muçulmano.

As autoridades da Arábia Saudita, desejosas de serem as primeiras a anunciar o acontecimento, pediram aos habitantes do reino que observassem o céu já na tarde de segunda-feira.

No Líbano, os religiosos xiitas indicam que o Ramadan começará quarta-feira o mais tardar, enquanto os sunitas se recusam a pronunciar-se a respeito enquanto a luta em quarto crescente nao for observada no céu a olho nu.

Mês de fervor e de solidariedade com os mais pobres, mas também mês de festa, o Ramadan reflete em certos países as tensoes políticas.

Na Argélia, onde os atentados causaram mais de 200 mortos em novembro, teme-se que, assim como em outros anos, se registre um aumento da violência por parte dos grupos islamitas armados.

Na Nigéria, cristaos e animistas, majoritários no Sul do país, manifestam sua preocupaçao com o projeto das autoridades do Norte, majoritariamente muçulmano, de impor a ``charia', a lei islâmica.

Na Indonésia, as autoridades religiosas pediram o fim dos confrontos entre cristaos e muçulmanos, que causaram 700 mortos nas Molucas este ano, assinalando que, mais uma vez, a celebraçao crista do Natal coincide com o Ramadan.

No Ira, o começo do ``mês sagrado' foi fixado para sexta-feira e vai coincidir com a pré-campanha eleitoral para as legislativas de fevereiro próximo, que se prenuncia agitada.

A Turquia, país laico mas cuja populaçao é maometana em 99%, está traumatizada ainda pelos terremotos que sofreu recentemente, e as autoridades religiosas pediram aos pregadores que insistam no espírito de caridade do islamismo e peçam à populaçao que ajude os afetados.

Tudo isto nao impede que os hotéis e restaurantes continuem seus preparativos para o Ano Novo de 2000, embora estejam prevendo cardápios alternativos sem bebidas alcoólicas para os fregueses mais religiosos.

A venda de bebidas alcoólicas é proibida em muitos países muçulmanos neste período, enquanto, pelo contrário, o consumo de comestíveis de todo tipo aumenta consideravelmente, devido à tradiçao das refeiçoes de rompimento de jejum, verdadeiros banquetes desfrutados quando anoitece, depois de passado um dia inteiro sem comer nem beber.

Enquanto dura o Ramadan, durante o dia, as mesquitas recebem um grande número de fiéis, ao mesmo tempo em que a economia dos países muçulmanos funciona em câmara lenta. A jornada de trabalho dos empregados nos países do Golfo é reduzida a cinco horas.




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