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Diadema: gangue obriga família a se mudar
Kléber Werneck
Do Diário do Grande ABC
10/11/2001 | 21:50
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  A família do torneiro mecânico P.M., 49 anos, mudou-se neste sábado da casa onde residiu durante 20 anos na rua Juruá, no Jardim Paineiras, em Diadema, por causa de ameaças de um grupo do bairro, que seria formado por traficantes. P. disse que seu filho mais novo teve uma briga de trânsito com o menor A.R.N., 16, que também mora no bairro, quinta-feira e, desde então, vários rapazes começaram a rondar a residência. Eles exigiam armas ou dinheiro para não matar os dois filhos do casal.

A perseguição à família começou por causa de um problema de trânsito. Na quinta-feira passada, por volta das 11h, o estudante F.M., 19, retornava da casa da namorada quando passou com o carro bem próximo de A.R.N., que andava de bicicleta. “Eu tirei uma fina dele, mas foi sem querer”, disse o estudante.

Irritado, o menor e outro rapaz foram à casa de F. tirar satisfações. Eles foram atendidos pelo irmão mais velho do estudante, o cinegrafista G.M., 23 anos. “Os dois (rapazes) passaram a me xingar e depois a esmurrar o carro do meu irmão”, afirmou G..

Os irmãos, então, foram atrás dos rapazes para reclamar dos danos provocados no carro, mas deram de encontro com um grupo. Dois deles foram identificados como sendo Paco e Tatu. “Eles estavam usando drogas”, disse o cinegrafista. Os integrantes do grupo xingaram os dois e prometeram matá-los. Os irmãos disseram ter recuado e voltado para casa.

A mãe, a professora J.D.M., 49, chegou em casa por volta das 13h e resolveu conversar com o grupo. “O Tatu disse que queria uma arma ou R$ 400 para resolver o problema.”

A professora retornou para casa e, cerca de três horas depois, manteve novo contato com o grupo. “Da segunda vez, eles já mudaram de opinião e disseram que matariam meus filhos de qualquer jeito”, afirmou ela.

Depois disso, o grupo passou a rondar a residência. Alguns dos rapazes se postavam em frente à casa e aguardavam a saída dos dois irmãos. G. chegou a filmá-los com sua câmera.

Neste sábado, por volta das 10h, voltaram a rondar o local. O torneiro mecânico tentou conversar com Tatu. “Não teve jeito, ele disse que não tinha nada a perder e mataria meu filho.” Diante da situação, P. resolveu deixar a casa. A mudança foi feita com escolta da PM. “Aqui não terei mais segurança nenhuma, tenho de deixar minha casa.”

P. não conseguiu registrar boletim de ocorrência neste sábado pela manhã, após ser ameaçado. Ele foi ao 3º DP e sequer foi atendido pelo delegado plantonista, Antonio Vieira da Silva. Ele teve de conversar com um investigador, que se identificou apenas como Celso, e informou ao torneiro que não era necessário registrar a ocorrência.

O delegado alegou que não foi procurado pelo torneiro. “Quem o atendeu foi o investigador, que não passou nada para mim.” O investigador, por sua vez, não soube explicar por que o BO não foi registrado.




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