Democratas do Grande ABC não escondem a frustração pela escolha do senador Álvaro Dias (PSDB) para compor como vice a chapa do presidenciável José Serra (PSDB) - o partido, primeiro a se declarar aliado dos tucanos, esperava receber o posto em troca do apoio.

"Existia expectativa (de ficar com a vice-presidência) e realmente houve uma frustração. Mas agora é muito tarde para voltar atrás na aliança", avalia o vereador Mauro Miaguti (DEM), de São Bernardo. O prazo para oficializar as candidaturas junto à Justiça Eleitoral acaba amanhã.

Já o vereador Jorge de Moraes, o Jorginho da Autoescola (DEM), de Ribeirão Pires, acredita que o PSDB estudará melhor a decisão. "Pelo que eu tenho conversado, não é ainda um nome muito certo. Falta consenso de ambos os grupos sobre a escolha", afirmou.

Para o vereador Manoel Lopes, presidente do DEM de Mauá, o PSDB "poderia distribuir melhor a coligação". "Muitos políticos se sentirão desmotivados a pedir voto para o Serra sendo que o próprio partido não está representado na chapa", ressaltou.

O democrata, porém, diz não importar o nome do vice para o diretório de São Paulo. "Para mim é indiferente. Estou adotando a política do PT. Mesmo que o vice seja um poste, vou pedir voto para o DEM e para o Serra", alfinetou, em referência à candidatura do PT, Dilma Rousseff, considerada sem carisma pela oposição.

Próximo a Serra, o deputado estadual Orlando Morando (PSDB) acredita que a escolha de Dias para a vice foi ótima por toda a bagagem política do candidato. "Vice é um titular na reserva. Precisa ter experiência política e administrativa", analisa. O tucano foi governador do Paraná pelo PMDB entre 1987 e 1991 e senador três vezes.

Morando também defende a escolha do parlamentar para resolver impasse no Paraná, onde o irmão do tucano, Osmar Dias (PDT), namora tanto o PSDB quanto o PT. "Teremos um palanque muito forte no Estado, que é o sexto maior colégio eleitoral do País", considerou.

Para o deputado, a opção por Álvaro Dias a um democrata não criou atrito com o aliado, apesar das críticas públicas de lideranças da legenda. "A cúpula do partido sabe que o (Gilberto) Kassab só foi eleito prefeito de São Paulo por apoio do Serra. O DEM não é apenas um aliado, mas um sócio do nosso projeto", reforça Morando.