Ao longo do Golfo de Nápoles, três ilhas banhadas pelo mar Tirreno brilham como pérolas cercadas de água por todos os lados: Ischia, Procida e Capri. Embora próximas, cada uma delas faz questão de conservar suas peculiaridades. Ischia, a maior de todas, oferece banhos terapêuticos em fontes termais; Procida destaca-se pelos charmosos ares à la ilhas gregas, e a chiquérrima Capri atrai turistas de todas as partes do mundo em busca de badalação. Em comum, todas apresentam praias encantadoras, belas construções e a vocação para o cinema, com suas paisagens.

<P>Só em Ischia já foram gravadas dezenas de películas. Algumas estreladas por gente pra lá de famosa, como o galã Alain Delon (em O Sol por Testemunha), Elizabeth Taylor (Cleópatra), Gina Lollobrigida (Campane e Martello), Burt Lancaster (O Corsário da Ilha Verde) e Vittorio de Sica, que protagonizou o filme Vacanze ad Ischia, no qual uma turista é processada sob acusação de atentado ao pudor por ter se banhado nua em uma das praias da ilha, também conhecida como Ilha Verde devido à exuberante vegetação.

<p>E assim como sugere o enredo da trama, Ischia faz mesmo o tipo comportado. Diferentemente das ilhas gregas ou de alguns trechos da costa francesa – onde a prática do topless é quase tão comum quanto praticar cooper num calçadão carioca à beira-mar ou beber uma água de coco na Bahia –, para ver uma mulher nua em Ischia, só mesmo alugando o filme. Porque na vida real, o que prevalece é a multidão de velhinhos interessadas em tratar reumatismos, artroses e outras doenças em uma das fontes de água com propriedades terapêuticas da ilha.

<P>Para jovens com físico e articulações em forma, por sua vez, uma boa dica de passeio é subir até o alto dos 788 m do Monte Epomeo. O acesso é feito pelo vilarejo de Fontana e a caminhada dura cerca de uma hora, mas compensa com um belo visual panorâmico.

<P>Aos que só encaram subidas se for de elevador, outra boa pedida de passeio é atravessar a ponte que interliga um dos vilarejos de Ischia à ilhota onde foi construído, no topo de um morro, o castelo Aragonese, fortaleza que chegou a abrigar 5 mil membros da corte do rei Afonso de Aragão.

<P>Construções seculares e o talento para a sétima arte, no entanto, não são exclusividade da ilha de Ischia. Na vizinha Procida, também foram gravadas algumas cenas de O Talentoso Ripley, estrelado por Matt Damon e Gwyneth Paltrow, e o filme O Carteiro e o Poeta (com Philippe Noiret e Massimo Troisi), que narra a amizade entre um entregador de cartas e o poeta ativista chileno Pablo Neruda durante seu exílio em uma pequena aldeia italiana na década de 50.

<P>Assim como Ischia, Procida também possui uma ponte – que conduz à ilhota de Vivara, no extremo Oeste – e um Centro Histórico com igrejas antigas, casinhas coloridas, lojas, restaurantes e marinas. Tudo com o charme típico das mais cobiçadas ilhas da Grécia. Linhas de barco realizam o transporte de Procida a Nápoles, Ischia e Pozzuoli.

<p>Mesmo assim, Procida se mostra tranqüila e até mesmo rústica se comparada à última e mais famosa das três ilhas: Capri. É lá que a badalação atinge seu ponto máximo, conquistando a preferência de celebridades da grandeza do príncipe Rainier de Mônaco, da cineasta Liliana Cavani e do jogador de futebol Careca, entre tantos outros. A fama de Capri, aliás, não vem de hoje. Há 2 mil anos, seus encantos já fascinavam imperadores romanos. O primeiro deles foi Augusto, que se refugiava na ilha para recuperar as energias despendidas em suas batalhas. Depois foi a vez do monarca Tibério eleger o local como residência de verão.

<P>E suas construções medievais, marinas e barzinhos à beira-mar transbordam de artistas e muita gente bonita até hoje. Alguns programas imperdíveis em Capri são tomar um cafezinho ou cerveja na Piazza Umberto I – ou Piazzeta, para os íntimos –; contemplar as formações rochosas que despontam no meio do mar de Tragara; subir de teleférico até o Monte Solaro (o ponto mais alto da ilha, com 589 m); conferir as coleções de arte e arqueologia da vila San Michele, em Anacapri; saborear um totano (molusco) recheado com queijo em um dos restaurantes do Centro; e fazer um passeio de barco a remo até a Grotta Azzurra, caverna subaquática esquecida desde o tempo dos romanos e hoje considerada cartão-postal de Capri, com suas paredes azuladas pelo reflexo de um feixe de luz na água que inunda o interior da gruta. Simplesmente fascinante, sem qualquer exagero que o estilo napolitano de ser possa imprimir à palavra.