O bom desempenho da indústria automobilística - que encerrou o primeiro semestre com incremento de 10,6% nas vendas, segundo a associação nacional dos fabricantes - foi o principal fator para o aumento de 5% no faturamento do setor de artefatos de borrachas no Estado de São Paulo de janeiro a junho deste ano ante o mesmo período do ano passado. No Grande ABC, 75% das empresas do setor têm atividades ligadas ao mercado automotivo, fornecendo para montadoras, autopeças ou para o varejo de reposição.

De acordo com o Sindibor (Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado de São Paulo), o aumento das exportações foi outro fator importante para o crescimento do setor. Segundo o presidente do sindicato, Edgar Solano Marreiros, que também é proprietário da indústria de artefatos de borracha Produflex, em Diadema, mesmo com a desvalorização do dólar frente ao real, as empresas de artefatos de borracha estão exportando mais que no ano passado. "No primeiro semestre de 2004, cerca de 9% da produção do Estado ia para o mercado externo. Neste ano, a quantidade exportada chega a 19%."

Para Marreiros, o aumento das exportações com o dólar baixo aconteceu porque os preços internacionais da borracha são "altíssimos". "Apesar de sofrermos com a pressão dos juros elevados e não termos capital de giro, a mão-de-obra é mais barata, o que nos torna competitivos, e temos qualidade na produção."

O presidente do Sindibor avalia que o crescimento de 5% é muito representativo porque o incremento se deu sobre uma base forte. "No ano passado, tivemos crescimento de 16% no primeiro semestre." Ele destaca que o bom desempenho das empresas que atuam com o setor automobilístico ou exportam compensa a queda no faturamento das indústrias que fornecem para outros mercados, como o de calçados por exemplo, que vive momento difícil em razão da concorrência com os itens chinenes e a queda nas exportações.

A Flexsys, de Santo André, tem 80% da produção voltada para a indústria de pneus e fornece, portanto, indiretamente para setor automotivo. O crescimento da empresa, que vende para "gigantes" como Bridgestone Firestone e Goodyear, foi de 5% no semestre. "Não temos as montadoras como clientes diretos, mas fornecemos para fabricantes de pneus, que abastecem tanto a indústria automobilística, quanto o mercado de reposição", afirmou o gerente de Vendas, Marcus Miziara.

Na indústria Paranoá Tapetes, de Diadema, o incremento nas vendas foi de 10%. De acordo com o supervisor comercial, Renato Dias, 95% da produção é voltada para o mercado automotivo - a empresa vende tapetes de borracha diretamente para as montadoras Scania, Volvo, Volkswagen, GM e Ford. "Apesar do crescimento, as perspectivas para o segundo semestre estão sendo revistas em razão das altas taxas de juros e crise política."