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Um Burle Marx pede restauro
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
06/04/2002 | 16:27
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A maior tapeçaria em dimensão criada pelo arquiteto paisagista e artista plástico paulistano Roberto Burle Marx (1909-1994) encontra-se em Santo André, no Salão Nobre, 9º andar do prédio que abriga a Prefeitura, no Paço Municipal. O que deveria ser motivo de orgulho, continua sendo razão de vergonha. Isso porque a bela composição de 1969 está em mau estado de conservação.

   Não bastasse estar suja, por conta do descuido que sofre há anos, a colorida peça está afixada na parede de forma inadequada. Dezenas de pregos enferrujados perfuram a superfície da obra que mede 3,5m x 26m. Segundo Jacques Douchez, 81 anos, um dos mais conceituados tapeceiros do Brasil, o correto seria afixá-la de maneira semelhante ao que é feito com cortinas, usando argolas metálicas.

   Além do prédio em Santo André, só um outro espaço público no Brasil tem tapeçarias de autoria de Burle Marx: a sala de banquetes do Palácio do Itamarati, em Brasília.

   Em março do ano passado, o Diário publicou reportagem na qual o secretário-adjunto da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer da cidade, Alexandre Takara, e a diretora do Departamento de Cultura, Marta de Betânia Juliano, afirmaram que os primeiros procedimentos para iniciar o processo de restauração da obra estavam sendo tomados.

   Passado um ano, a reportagem do Diário voltou a conferir o estado em que se encontra a tapeçaria. Ela continua em situação deplorável: um ano mais suja e os pregos um ano mais enferrujados. Fotografias de 1993 denunciam que desde aquela data os pregos "ferem" a peça.

   Agora o poder público volta a afirmar que restaurará a obra. "Estamos finalizando um projeto para o restauro e iluminação adequada da tapeçaria, com serviços estimados em R$ 190 mil. Em um mês daremos a entrada do projeto no Fundo Nacional da Cultura, órgão do Ministério da Cultura", afirma Marta.

   "Sabendo que essa verba pode vir do Fundo, preferimos agir dessa forma, pois assim os recursos da Prefeitura podem ser investidos em outras ações, como, por exemplo, a reforma do Teatro Conchita de Moraes", diz a diretora.

  Depois da conclusão do restauro, ela afirma que serão tomadas medidas para que a obra seja totalmente acessível ao público em geral. Hoje, ela só é vista pelas pessoas presentes em eventos no Salão Nobre.

   "Todos os interessados poderão ver a tapeçaria. Para isso, planejaremos visitas monitoradas", afirma Marta.

   "Mas, por enquanto, temos de esperar o projeto passar no Fundo Nacional da Cultura e seguir os prazos estipulados pelo órgão, os quais não costumam ser longos", diz a diretora.

   Além da tapeçaria, o Paço tem paisagismo assinado por Burle Marx e conta com um painel em concreto de autoria do artista, que fica no saguão do Teatro Municipal.




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