"Em espera da sentença definitiva, a Santa Sé só pode expressar certa surpresa ao ver as graves responsabilidades de vários homens e grupos recair apenas em algumas pessoas, ainda que estejam envolvidas no horrível genocídio realizado no coração da África", afirmou o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls.

Consolata Mukangango (irmã Gertrudis), a superior do convento onde mais de 5 mil refugiados foram assassinados, foi condenada a 15 anos de prisão, e Julienne Mukabutera (irmã Kizito) a 12.

Os outros dois acusados são Vincent Ntezimana, professor universitário de 39 anos, condenado a 12 anos de prisão, e Alphonse Higaniro, ex-ministro e empresário de 51 anos, condenado a 20 anos.

Navarro Valls lembrou a mensagem do papa João Paulo II ao povo ruandês em maio de 1996. "A Igreja não pode ser considerada responsável pelas faltas de seus membros que atuaram contra a lei do Evangelho", disse na ocasião o Sumo Pontífice em seu discurso.

"Todos os membros da Igreja que pecaram durante o genocídio devem assumir as consequências dos atos que cometeram contra Deus e contra o próximo", acrescentou o Papa na oportunidade.

Navarro também expressou seu desejo de que "as pessoas culpadas possam fazer valer sua própria versão dos fatos" e de que o tribunal "em um país estrangeiro, tão distante de Ruanda, tenha considerado de modo suficiente o contexto e a situação de grande confusão nos quais ocorreram os acontecimentos tão violentos."