Economia Titulo
Falta capacitaçao a empresário do Grande ABC
Walter Wiegratz
Da Redaçao
19/02/2000 | 17:23
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O Programa Brasil Empreendedor, linha de crédito destinada às micro e pequenas empresas do país, que foi lançada pelo governo federal em outubro do ano passado, concedeu cerca de R$ 25 milhoes em financiamentos para os empresários do Grande ABC. Apesar do atrativo do Brasil Empreendedor ser o tao alardeado e polpudo estoque de R$ 8 bilhoes anunciado pelo governo federal, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal detectaram, analisando o alto número de pretendentes registrado na regiao, que, antes do tao sonhado dinheiro para investir ou se capitalizar, os micro e pequenos empresários precisam de fato é de capacitaçao para gerir seus negócios, e, assim, descobrir qual é o seu verdadeiro lugar no mercado.

As linhas de crédito do programa, garantem os bancos, estao acessíveis a todos e podem ser destinadas tanto para micro e pequenos empresários como para profissionais liberais e autônomos e, até mesmo, para pessoas que queiram saltar da informalidade para a economia formal. Os R$ 8 bilhoes em recursos pertencem ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

O superintendente do Banco do Brasil no Grande ABC, Marcos Rampazzo, refuta a velha idéia que vai na mente de alguns micro e pequenos empresários de que quem precisa de empréstimo de banco nao consegue e de que quem consegue nao precisa. Ele afirma que o Brasil Empreendedor é um financiador de sonhos, "mas que financia o sonho de quem tem perspectiva de futuro, de quem já está estável e nao quer contar apenas com a sorte". Ou seja, aventureiros nem pensar.

A prova da efetividade do programa, Rampazzo mostra com números. No Grande ABC, o BB já concedeu cerca de R$ 19 milhoes nas várias linhas de crédito que estao sob o guarda-chuva do Brasil Empreendedor (confira quadro nesta página). Desse montante, a fatia mais expressiva foi destinada justamente para a linha de crédito denominada de BB Giro Rápido, que, como o próprio nome sugere, destina-se a suprir as necessidades de capital para o financiamento e a comercializaçao das empresas.

Onde gastar? - Baseado na experiência dos últimos dois meses de existência do programa (as linhas de crédito ficaram disponíveis a partir de 29 de novembro), Rampazzo afirmou que a principal dificuldade do empresário que procura o banco está em distinguir se o dinheiro é necessário para o capital de giro ou para um investimento qualquer.

"Tudo fica mais fácil quando percebemos que a necessidade do empresário é de dinheiro para o capital de giro. Mas, se a necessidade diz respeito a investimentos, o que demanda prazos mais longos e um conseqüente horizonte ampliado de riscos, as exigências sao maiores. Nesses casos, os micro e pequenos empresários sao encaminhados ao Sebrae", disse Rampazzo.

Vale lembrar que a ausência de "garantias reais de crédito" já empurra o pretendente para uma visita ao Sebrae. "Mas, independente do Sebrae, o empreendedor tem acesso ao aval", disse Rampazzo. De 261 empresas que buscaram informaçoes sobre crédito no BB, cerca de 120 estao sendo atendidas ou esperam por uma assessoria do Sebrae.

Rampazzo explicou que o Sebrae trabalha a necessidade real do empreendedor, ou, em suas próprias palavras, "faz o empresário colocar os pés no chao ao orientar se suas idéias têm viabilidade ou nao". A assessoria do Sebrae é gratuita e pode vir mediante diversos cursos de capacitaçao, a exemplo dos cursos sobre fluxo de caixa ou para a detecçao da viabilidade econômica de determinado negócio. Na estatística de Rampazzo, do total de empresários que procuram o Banco, 90% têm na verdade necessidades de passar por uma capacitaçao.

Caixa - A Caixa Econômica Federal também participa do Brasil Empreendedor com um braço específico chamado de Caixa Empresa, que tem inúmeras linhas de crédito com reserva total de R$ 1,7 bilhao. O alvo é a realizaçao de 260 mil negócios país afora.

Em dois meses de existência do programa, a Caixa concedeu R$ 5,5 milhoes para exatas 367 empresas da regiao, entre 1,1 mil que buscaram a instituiçao. De acordo com o gerente de Mercado do Escritório de Negócios ABC, Cássio Roberto Sopko, a média de crédito concedida em cada operaçao é de R$ 7 mil, embora algumas liberaçoes alcancem até R$ 50 mil. O perfil de quem recebeu recursos é dividido da seguinte forma: 70% para micro e pequenas empresas e 30% para profissionais liberais e autônomos.

Como a Caixa pretende fechar 2000 com 6 mil operaçoes na regiao, Sopko estima que podem ser disponibilizados pelo menos R$ 42 milhoes em créditos.

Assim como no Banco do Brasil, os empresários que vao pleitear uma linha de crédito do Brasil Empreendedor, via Caixa, na verdade precisam é de orientaçao sobre como tocar seu respectivo negócio. Sopko confirmou que, embora o encaminhamento ao Sebrae nao seja uma regra, cerca de 90% das empresas analisadas nao têm problemas de crédito, mas de gestao. "Muita gente vê a possibilidade de crédito a custo barato como uma oportunidade que nao pode ser perdida e vem correndo. Mas vale lembrar que isso nao é uma boquinha, uma vez que o dinheiro do FAT tem de ter retorno, inclusive social."




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