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Famílias consomem 6,6% mais em 2010
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
23/02/2011 | 07:30
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O ano passado foi o melhor em 15 anos para o consumo. As famílias saíram às compras 6,6% mais durante todo o ano. As informações são de indicador da Serasa Experian, divulgado ontem. O desempenho é o melhor desde 1995, quando o percentual foi de 8,6% - primeiro ano após aplicação do plano real, com fim da hiperinflação, que estimulou os gastos. Em 2009, devido à crise econômica, o volume subiu 4,2% .

Segundo o gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi, a comparação de 2010 com a base fraca de um ano antes, justamente pela crise, não compromete o percentual. Isso porque ela afetou mais áreas de investimento e a balança comercial. Ele classifica a alta como "vigorosa", por ser a maior dos últimos anos.

Vários fatores ajudaram a população a abrir mais o bolso. Entre elas, medidas governamentais anticrise - aplicadas há dois anos a fim de estimular o mercado e, assim, contornar efeitos da crise; o crédito ficou mais acessível e barato; e a redução de juros e de tributos, como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) envolvendo carros, e itens da linha branca, por exemplo.

"O grande mecanismo foi a facilidade com o crédito. No ano passado foi possível financiar veículos em até 80 vezes", exemplifica o economista Sandro Maskio, professor da Universidade Metodista. Ele ressalta que políticas assistenciais, como valorização do salário-mínimo, também serviram de pilar para elevar o índice.

PRODUTOS - Rabi avalia que o varejo foi o motor para a alta. O ramo cresceu 10,3% no ano passado. Bens duráveis, entre os quais eletroeletrônicos - com celular e computadores - e o setor automotivo - com carros, motos e autopeças - foram muito procurados, em razão do vigor do pacote econômico. Material de construção também teve destaque, embora seja categorizado como investimento.

Além disso, serviços, itens de turismo, corte de cabelo, educação, entre outros, também elevaram o percentual de consumo.

PÉ NO FREIO - A tendência é que o consumo seja arrefecido neste ano. As novas medidas econômicas da União seguem na contramão das adotadas em 2009. Tudo para combater a alta nos preços, que ocorre desde o segundo semestre. "Dificilmente chegará a 6% neste ano", defende Rabi.

Maskio é menos otimista. Para ele, o consumo deverá ficar na base de estabilidade neste ano. "Próximo de zero, o que indica nem expansão nem retração."  

Economia brasileira avança 7,4%; maior alta em 24 anos

A economia brasileira avançou 7,4% em 2010, segundo a Serasa Experian. É a maior elevação de toda a série histórica da entidade, de 1991. No caso de os indicadores oficiais do PIB (Produto Interno Bruto), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sustentarem o balanço, será o maior crescimento do País desde 1986, quando houve expansão de 7,49%.

O mercado interno foi o maior responsável pelo percentual otimista. Rabi diz que a fatia responde por 60% da composição do PIB. "O pacote anticrise vigorou por bastante tempo. O desemprego teve recorde de baixas, com estabilidade de mão de obra" diz Rabi.

Já a formação bruta de capital fixo - volume investido pelas empresas - subiu 21,5% no ano. Porém, o resultado nos investimentos e na balança comercial teve influência com a base fraca de comparação com 2009, quando houve recuo na economia em 0,6% devido à crise. O desempenho total do PIB não é afetado diretamente com os resultados de 2009, segundo Rabi.

Neste ano porém, o País deve avançar menos. O representante estima que o teto seja de 4%, em razão da política de aperto econômico adotada pelo governo desde o fim do ano passado. O objetivo é frear o consumo e, por tabela, a elevação de preços.




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