A principal opção de canionismo em Brotas consiste em descer de rapel duas cachoeiras, de 25 e 30 metros, dentro do Eco Parque, que fica em área de 500 mil metros quadrados na cabeceira do Rio Jacaré, a 45 minutos do centro da cidade. O tempo da atividade varia entre três e quatro horas. Antes, aula de como manipular os equipamentos e a simulação da descida em base instalada sobre uma árvore. Todos descem e são orientados da melhor maneira, cada um com sua dificuldade. Porém as fisionomias já começam a mudar: os sorrisos fáceis ficam meio sem graça.

O início já é emocionante: pequena trilha na mata e depois, presos pela cintura e segurando em cabo de aço para vencer as pedras escorregadias, andamos dentro do Rio Jacaré-Pepira até o topo da primeira cachoeira, a São Sebastião (25 metros). Tudo acompanhado de perto pelos condutores. Fazemos fila e, um a um, todos recebem as instruções e vão descendo. Um do nosso grupo, Pimenta, escorrega o pé, fica de ponta-cabeça, mas é logo ajudado pelo instrutor. Nada que assuste.

Chega a minha vez. Ao olhar para baixo, o visual é incrível e o medo, bem grande. Parece muito maior do que realmente é, talvez por causa da inexperiência. Mas a descida, de costas, não requer prática, apenas atenção de como se apoiar no positivo (que é pisar no paredão sem vegetação e escorregadio), inclinar o corpo, ir soltando a corda passada em haste de metal presa à cintura e como proceder no negativo (que é quando não dá mais para pisar). Projeto o corpo para trás, começo a descer e olho para todos os lados. A visão é impressionante: a cortina de água bem à frente do rosto, a paisagem ao lado, no céu alguém passando na tirolesa, a piscina natural abaixo, o rio que segue, fascinante. A beleza do lugar apaga qualquer medo. É a recompensa. Após metade do percurso, dá vontade de parar no meio do caminho, tomar banho na cachoeira, tirar umas fotos, passar umas horas ali.

Descemos em piscina natural, aos pés dos 25 metros de queda d'água. Inesquecível, todo mundo ainda corajoso. Mas não é o fim. Com a adrenalina a mil, completamente molhados, hora de rumar para a outra cachoeira, a Jacaré (30 metros). Trilha no meio da mata fechada e caminhada aquática para começar novamente. A primeira impressão é a de ‘vou amarelar, não vou conseguir'.

Equipamentos prontos, instruções recebidas, lá vamos nós, de novo em tão pouco tempo. Fila indiana, começamos a descida. Um do grupo, desta vez Felipe, não apoia o pé como deveria e fica de cabeça para baixo. Rapidamente é socorrido e continua a aventura. Outra, Pamela, não sente segurança e quer desistir. Pede um tempo para respirar. O terceiro, Wesley, vendo os dois, renuncia, não vai mais.

Pamela segura na minha mão, não sei quem está com mais medo, mas preciso passar confiança. Deborah, à minha frente, aparenta segurança. Lívia já havia experimentado, está confiante. Pimenta está assustado, se enroscou na outra cachoeira. Cláudio demonstra mais apreensão que as filhas, Carol e Maria Eduarda. Marcel e Douglas estão tranquilos.

A fila anda, literalmente, e chega a minha vez. Inclino o corpo, começo a descer, desta vez de forma diferente, sem apoiar os pés na parede de pedra - não há o positivo. Desfaço a cara de susto, olho para o topo da cachoeira onde está minha amiga Pamela e digo que é tranquilo, basta não olhar para baixo. Impossível não fazer isso. Dois ou três metros e o corpo fica solto em meio à água caindo, a piscina natural abaixo e a mata ao lado. A descida é sem sobressaltos e a recepção é em espécie de mirante montado em árvore de frente para a cachoeira. A mata atrás e a cachoeira logo à frente tornam fascinante a visão de cima do mirante. O lugar é mágico, sem igual. Um dos nossos, Wesley, não teve esse privilégio. Arrependeu-se depois.