O presidente da Câmara de Ribeirão Pires, José Nelson de Barros (PMDB), fez manobra para aprovação de última hora de dois projetos do prefeito Saulo Benevides (PMDB). As propostas, uma pedindo remanejamento de verba e crédito suplementar e a outra falando sobre o leilão de dez áreas públicas, entraram em regime de urgência ontem, no meio da sessão, e foram analisadas sem o conhecimento de todos os vereadores. Apesar da reação, os dois textos foram avalizados pela Casa.

Como foram protocoladas no Legislativo em cima da hora, as proposituras não receberam análise da Comissão de Redação e Justiça. Mesmo assim, Zé Nelson, dizendo que estava amparado pelo regimento interno, colocou os textos para votação.

A atitude de Zé Nelson irritou os parlamentares e gerou questionamentos públicos por parte de Flávio Gomes (PPS), presidente da Comissão de Redação e Justiça. “Nem eu nem o Silvino (de Castro, PRB) demos nosso parecer, não poderíamos votar esse projeto. Eu nem cheguei a ver”, disse o popular-socialista, na tribuna, sem esconder a indignação.

O presidente do Legislativo, no entanto, afirmou que tinha o “poder” pelo regimento interno de votar sem que a comissão tivesse assinado e nomeou o líder do governo, Hércules Giarola (PMDB), como redator especial da comissão.

“Como eu posso votar e dar um parecer favorável a um projeto desse? Que chega em cima da hora e eles querem passar o rolo compressor, colocar em votação e falar que vão destituir o presidente e o vice, que estão totalmente contra esse projeto?”, comentou Flávio.

Segundo Zé Nelson, em nenhum momento foi discutida a destituição dos vereadores. “Eu não estou tirando vocês, mas estou usando uma brecha no regimento interno para pôr os projetos em votação. Eu posso fazer isso”, respondeu.

O regimento interno da Câmara não é claro sobre a necessidade de parecer de comissões para votação, mas há quase uma convenção entre os vereadores sobre esse trâmite.

CPI DA SAÚDE
Vereadores da oposição disseram que entrarão novamente na Justiça pela abertura da CPI da Saúde, inconformados com a decisão do desembargador Kleber Leyser Aquino em suspender a liminar que obrigava Zé Nelson a instaurar o inquérito.

“A Justiça alegou que a CPI é um ato político, mas a gente sabe da luta das pessoas aqui em Ribeirão pela Saúde e vamos lutar contra essa decisão”, afirmou Gabriel Roncon (PTB), um dos que assinaram o mandato de segurança pedindo início imediato da apuração.