Uma adaptação da Prefeitura de São Paulo ao tradicional Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mundialmente, revela que mais da metade da população da capital paulista vive em condições de vida comparáveis às dos países africanos. Na outra ponta, apenas 3,5% dos habitantes de São Paulo têm o privilégio de viver em condições comparáveis às dos países europeus. O estudo foi divulgado nesta quarta-feira, em São Paulo, pela Prefeitura.

O levantamento da Prefeitura usou rendimento do chefe de família, anos de estudos e a mortalidade infantil, dados coletados no Censo 2000, para elaborar o IDH paulistano. No levantamento da ONU, são usados PIB per capita, número de matrículas escolares e expectativa de vida. Seguindo o método de trabalho da ONU, foram criados pelos pesquisadores quatro categorias, dividindo os distritos da cidade em 'europeus' (com IDH acima de 0,8), 'asiáticos' (entre 0,651 e 0,799), 'indianos' (entre 0,501 e 0,650) e 'africanos' (abaixo de 0,5). Esta última categoria, com as condições de vida mais precárias, engloba 55,4% da população da cidade, em 38 bairros periféricos da capital paulista.

No outro extremo, em condições 'européias', vivem apenas 3,46% dos paulistanos, concentrados nos bairros Alto de Pinheiros, Itaim Bibi, Jardim Paulistano, Moema, Morumbi e Pinheiros – todos nas zonas Sul ou Sudoeste da cidade.

O IDH paulistano colocou em condições 'asiáticas', marcadas pelo potencial de desenvolvimento econômico, a população de 14 bairros da cidade. Há distritos da região central (Consolação, Santa Cecília, Bela Vista, Liberdade), Sul (Campo Belo, Santo Amaro, Vila Mariana, Saúde), Norte (Santana), Oeste (Perdizes, Butantã) e Leste (Lapa, Tatuapé, Mooca).

Partindo para a região mais periférica da cidade, chega-se aos bairros com IDHs 'indianos' e 'africanos', as duas piores classificações para condições de vida. As duas categorias englobam 76 bairros (38 cada uma) e mais de 85% da população paulistana.

Dentre os bairros com IDH 'indiano', que abrigam 30% dos paulistanos, estão Socorro, Tucuruvi, Ipiranga, República, Penha, Carrão, Casa Verde, Jabaquara, Limão, São Lucas, Vila Matilde e Freguesia do Ó. Na pior categoria de IDH, a 'africana', encontram-se os bairros São Matheus, Cidade Dutra, Campo Limpo, Guaianazes, Capão Redondo, Perus, Pedreira e Grajaú – entre outros.