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Financiamento de compra de estatais nao será prioridade do BNDES
Do Diário do Grande ABC
08/06/2000 | 16:00
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nao pretende mais financiar a compra de empresas estatais. O presidente do banco, Francisco Gros, afirmou hoje na Comissao de Fiscalizaçao e Controle da Câmara, que só em razao de políticas de governo, determinadas pelo Conselho Nacional de Desestatizaçao (CND), a instituiçao irá desviar recursos para a venda de ativos do governo. "Se for uma orientaçao do governo, batemos continência, mas este nao será o uso prioritário dos recursos do banco", disse Gros.

A mudança de postura do BNDES, segundo o presidente do banco, deve-se ao novo cenário macro-econômico brasileiro. Ele explicou que o programa de privatizaçao já está maduro. "O fluxo de dinheiro estrangeiro está ótimo", afirmou Gros. No passado, disse, o fluxo de capitais era baixo e havia um grau elevado de dúvidas sobre o País entre os investidores. "Agora, nao vejo mais a necessidade de o BNDES entrar nisso".

"Este financiamento se deu em um período específico da história brasileira em que esses recursos eram fundamentais para o sucesso do programa de privatizaçao", explicou Gros. Ainda assim, ele lembrou que o volume de recursos utilizados pelo banco foi muito pequeno.

Segundo dados do BNDES, dos US$ 91,113 bilhoes arrecadados com privatizaçoes desde 1991, incluindo empresas federais e estaduais, o banco financiou apenas US$ 3,593 bilhoes o que corresponde apenas a 4% do total. Das 126 empresas privatizadas, o banco só atuou como financiador na venda de 18. O BNDES garantiu Gros, nao usou em nenhum momento recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) nos financiamentos à privatizaçao.

O banco também deixará de aplicar em privatizaçao porque entende que nao tem recursos suficientes para isso. "Antes este dinheiro nao fazia falta em outro lugar", disse Gros. "Hoje em dia temos uma demanda de financiamento que chega a R$ 34 bilhoes para um orçamento que está na faixa de R$ 24 bilhoes", explicou. A demanda, portanto, é maior que a disponibilidade de recursos existentes.

Uma das prioridades do BNDES é o incentivo à formaçao de empresas nacionais com alcance global. "É prioritário o apoio ao esforço de exportaçao", disse o presidente do banco. Segundo ele, esta política já está sendo plenamente adotada. "Já temos dito para os empresários nos encaminharem os projetos, que os analisaremos com cuidado", afirmou. Gros citou como casos concretos a decisao de apoiar o Grupo Ultra na criaçao de uma grande empresa nacional do setor petroquímico.

"Já dissemos aos empresários do setor de aço e mineraçao que o banco tem interesse em estudar apoio ao descruzamento das açoes entre a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional", disse. Ele revelou que um pedido neste sentido já foi encaminhado ao banco e está sob análise.

Gros descartou a possibilidade de o banco financiar empresas aéreas. "O problema do setor aéreo é outro", afirmou. "É excesso de capacidade e de endividamento e por isso nao vejo com clareza como o banco poderia ajudar". O presidente do BNDES ainda ressaltou que nao chegou à diretoria da instituiçao nenhum pedido de financiamento de qualquer empresa aérea.




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