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Arcebisbo do Rio alerta sobre assaltos em igrejas
Do Diário do Grande ABC
02/06/2000 | 18:25
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O aumento de casos de violência contra igrejas e religiosos levou o arcebispo de Niterói, Dom Carlos Alberto Navarro, a divulgar um alerta para os padres de 14 cidades. A Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que "igrejas católicas, templos evangélicos estao sendo objeto de açoes preventivas e repressivas dentro das 34 áreas de segurança em que o Rio está dividido".

"Tomei conhecimento do ofício do arcebispo e já há um patrulhamento preventivo", afirmou o subsecretário de segurança Operacional, coronel Lenine de Freitas. "O Conselho de Segurança Pública, que envolve o comandante do batalhao da PM e o delegado de cada área, é o canal efetivo de comunicaçao para discutir essas questoes". Lenine aconselha ainda que religiosos vítimas de violência se comuniquem o mais rápido através do disque-denúncia (21-253-1177). "A informaçao é a melhor arma contra o crime", diz.

Dom Carlos Alberto Navarro está viajando e nao foi encontrado para comentar o conteúdo do alerta. Segundo sua assessoria de Imprensa, o documento foi feito depois que chegou à diocese histórias sobre viajantes que se hospedavam em casas paroquiais a fim de assaltar. Ontem, o padre Ridz Antunes Santos da paróquia de Sao Francisco Xavier, em Niterói, anunciou que vai instalar grades de segurança em torno da igreja e soltar caes à noite, a fim de evitar novas tentativas de invasao à casa paroquial.

A violência nao discrimina religiao. Na última quinta-feira, o pastor Jonas Machado, da Igreja Presbiteriana da Ilha do Governador, na zona norte, passou a tarde cuidando da instalaçao de um alarme com sensor infra-vermelho. A decisao de instalar o equipamento foi tomada depois que adolescentes invadiram o templo e levaram o aparelho de som, avaliado em R$ 8 mil. "A situaçao foi inusitada porque eles devolveram o som por ordem dos traficantes do morro em que moram, mas queremos evitar que o caso se repita", diz o pastor.

Outra igreja presbiteriana, a do Jardim Guanabara, na zona norte, passou por situaçao mais dramática. Homens armados - entre eles um ex-fiel - invadiram o templo no fim do culto e renderam 30 evangélicos. Deitados no chao, eles tiveram de entregar todo o dinheiro.

Culpa - "Somos os maiores responsáveis pela violência porque deveríamos ser os proclamadores da paz e, se ela nao está imperando, é porque há um erro de comunicaçao que é nosso", analisa o secretário executivo dos pastores batistas, Augusto Carvalho Rodrigues, que coordena o movimento evangélico Cruzada pela Paz. "Os fiéis foram transformados em meros contribuintes, desqualificamos os membros das igrejas e todos estamos pagando a conta".

Há alguns meses, dois homens mal vestidos entraram na Igreja Batista Central, da qual Rodrigues é titular, e exigiram dinheiro. "Nós somos dois e você, um só", alegaram os homens. O pastor cedeu à pressao. "Estamos atentos a todo o tipo de perseguiçao e violaçao aos direitos humanos e vamos acionar, sempre que preciso, as autoridades competentes", afirma o vereador Gérson Bérgher (PFL), que representa a comunidade judaica no Rio. No início do ano, duas sinagogas da Tijuca, na zona norte, foram pichadas com símbolos do nazismo e tiveram símbolos judaicos arrancados. Para se proteger, dois outros templos em Botagogo, na zona sul, construíram muros à prova de carros-bomba.




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